O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a reforma trabalhista durante um discurso a sindicalistas nesta última quinta-feira (14) — um dia após o PT, depois de uma reunião do diretório nacional, sugerir a revogação da mesma reforma, aprovada no governo do ex-presidente Michel Temer em 2017.
Lula comentava segundo o canal CNN sobre um documento apresentado por diversas entidades sindicalistas e afirmou querer montar uma “mesa de negociação” com representações patronais. O ex-presidente também voltou a comentar sobre a revisão da reforma trabalhista da Espanha para criticar o modelo brasileiro, e citou direitos de funcionários de aplicativos de entrega entre os exemplos.
“Fizemos uma reunião com o governo da Espanha. Lá eles mudaram a reforma trabalhista que tinha destruído o direito deles em 2012 e fizeram um acordo que garanta ao trabalhador de aplicativo até o conhecimento do algoritmo que trata da situação deles”, exemplificou.
Ao falar sobre o Brasil, Lula disse que a reforma trabalhista tentou achar “uma solução com o trabalho intermitente, fazendo com que o trabalhador não tenha direito”. Depois, voltou a criticar a proposição de reformas no geral, citando também a mudança das leis previdenciárias de 2019.
“Toda vez que ouço reforma, penso que coisas vão melhorar — reformar um carro é para melhorar, uma casa é para melhorar. Toda vez que eles falam em reforma, é para destruir alguma coisa que o povo trabalhador conquistou nesse país”, disse.
Em documento aprovado pelo diretório nacional petista na quarta, ao qual a CNN teve acesso, ficou determinado que o partido iria indicar a ideia de um novo modelo de legislação aos demais partidos. Internamente, membros do PT dizem que, em um eventual novo governo Lula, haverá a proposta de uma nova reforma e de um novo marco regulatório, com uma legislação mais moderna, para proteger trabalhadores.
“Defendemos a revogação da contrarreforma trabalhista feita no governo Temer, e implementar uma nova reforma trabalhista feita a partir de negociação tripartite, que proteja trabalhadores, recomponha direitos, fortaleça a negociação coletiva e a representação sindical e dê especial atenção aos trabalhadores informais e de aplicativos”, diz trecho do texto.
No discurso aos sindicalistas, Lula rejeitou a ideia de “mudar tudo e voltar ao que era antes”, acrescentando que deseja “adaptar uma nova legislação trabalhista a uma legislação atual”: “Não queremos voltar a 1943, queremos um acordo em função da realidade dos trabalhadores em 2023, 2024, 2030. A gente quer avançar”, declarou.
O ex-governador de São Paulo e aprovado pelo PT para ser pré-candidato à vice-presidência na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, também participou do evento ao lado de Lula. Entidades sindicalistas de diversos setores, como petroleiro, bancário e de trabalhadores rurais, entre outros, apresentaram demandas aos pré-candidatos. O lançamento oficial da chapa Lula-Alckmin para as eleições está prevista para 7 maio.