sábado 21 de dezembro de 2024
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segunda-feira 9 de dezembro de 2024 às 06:20h

Em entrevista, Trump diz que cogita saída dos EUA da OTAN e cortar ajuda à Ucrânia

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Em entrevista à NBC, presidente eleito disse que “com certeza” cogitaria abandonar aliança caso países não “paguem suas contas” e continuem a “tirar vantagem” dos americanos na defesa e no comércio exterior. Em sua primeira entrevista desde a vitória nas eleições americanas, o presidente eleito Donald Trump disse neste último domingo (8) que “com certeza” cogitaria abandonar a Otan, aliança militar do Ocidente, caso seus membros não “paguem suas contas” e tratem os Estados Unidos de forma “justa” em vez de “tirar vantagem” na defesa e no comércio exterior.

“Eles [Europa] não compram nossos carros, não compram nossos produtos alimentícios, não compram nada. É uma desgraça. E, ainda por cima, nós os defendemos”, queixou-se em entrevista à emissora americana NBC. “Eu consegui centenas de bilhões de dólares para a Otan só com uma atitude dura. Eu disse aos países: ‘Eu não vou proteger vocês a menos que vocês paguem’, e eles começaram a pagar.”

A expressão simplificada “pagar as contas” é, na verdade, uma referência ao compromisso voluntário que cada país-membro da Otan assume de gastar 2% do PIB em defesa.

Essa meta tem sido descumprida desde o final da Guerra Fria, mas voltou a ser gradualmente observada desde a invasão russa da Ucrânia, em 2022 – e, segundo a Otan, é atualmente cumprida pela maioria dos atuais 32 membros da aliança.

Trump, que volta à Casa Branca no dia 20 de janeiro, há muito tem acusado países europeus e o Canadá de depender dos gastos militares dos EUA, que é o país mais poderoso da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Uma das principais vantagens de fazer parte da Otan é justamente a promessa de assistência mútua de que gozam seus membros, já que um ataque a um único país da aliança é considerado um ataque à aliança como um todo.

“Se eles estiverem pagando suas contas, e se eu achar que eles estão fazendo um justo – que eles estão nos tratando de forma justa, a resposta é que com certeza eu ficaria com a Otan”, disse Trump. Do contrário, continuou, “com certeza” consideraria a possibilidade de abandonar a aliança.

Possíveis cortes na ajuda americana à Ucrânia

Perguntado sobre se a Ucrânia deve se preparar para cortes na ajuda militar que recebe dos EUA, seu maior aliado, Trump também respondeu que isso seria “possível”.

Seria uma perspectiva dura para a Ucrânia, que já pena há quase três anos para repelir a invasão russa, mas também para os europeus, que se veem às voltas com suas próprias crises orçamentárias e políticas e temem que uma eventual vitória do líder russo Vladimir Putin no conflito possa encorajá-lo a causar mais problemas no continente.

No domingo, antes da entrevista e um dia depois de um encontro com os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, Trump publicou nas redes sociais um apelo a Putin para que negocie um cessar-fogo imediato com a Ucrânia.

“Zelenski e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e parar com a loucura”, postou Trump na em sua rede social, a Truth Social. “Conheço bem o Vladimir. Essa é a hora dele de agir. A China pode ajudar. O mundo está esperando!”, escreveu, aludindo aos esforços de mediação chineses vistos por muitos na Europa como desequilibrados em favor da Rússia.

Em resposta, Zelenski reagiu dizendo ter interesse em uma paz “justa e forte, que os russos não destruirão em alguns anos, como eles fizeram antes”.

Um dos cenários cogitados pelo país para um possível acordo seria justamente a entrada do país na Otan, aliança que Trump agora declara abertamente cogitar abandonar, e algo que Moscou considera absolutamente inaceitável.

Na entrevista à NBC, Trump disse estar trabalhando ativamente pelo fim do conflito, mas se negou a dizer se manteve conversas com Putin desde que venceu a eleição. “Não quero dizer nada sobre isso, porque não quero fazer nada que possa atrapalhar as negociações”, justificou.

Aliados da Ucrânia temem que um acordo costurado às pressas poderia acabar favorecendo a Rússia, dando ao país tempo para reorganizar suas forças militares e voltar à carga – a velocidade com que caiu o regime do ditador Bashar al-Assad, aliado de Moscou, foi interpretada como um sinal do quanto a guerra na Ucrânia tem drenado a capacidade de fogo russa.

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