Em depoimento a investigadores, o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, negou ter “intimidade pessoal” com o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos e disse foi “desqualificado” por Sergio Moro por não fazer parte do núcleo de delegados da Polícia Federal próximos ao ex-ministro.
Segundo o depoimento ao qual a coluna de Bela Megale teve acesso, Ramagem falou nesta última segunda-feira (11) na sede da PF, em Brasília, no inquérito que apura as acusações de Moro sobre a interferência de Bolsonaro no órgão. Ele chegou a ser nomeado diretor-geral da PF pelo prresidente, mas teve o ato suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Aos policiais e procuradores, o delegado disse que ”tem ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro”, mas diz que “não possui intimidade pessoal com seus entes familiares”. No entanto, Ramagem pondera que “mesmo se assim o tivesse não seria motivo para desprezar” seu currículo de trabalhos pela PF.
O chefe da Abin aponta como “motivo da sua desqualificação […] o fato deste não integrar o núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro Sergio Moro, uma vez que, diante dos fatos ora relatados, não haveria um impedimento objetivo que pudesse conduzir à rejeição de seu nome”. Ramagem diz que Moro “fez questão” de desqualificá-lo como opção para o posto de diretor-geral da PF “apenas como subterfúgio para indicação própria sua de pessoas vinculadas ao seu núcleo diretivo de sua exclusiva escolha”.
Foto com Carlos Bolsonaro
O chefe da Abin também deu explicações sobre uma foto em que aparece ao lado do vereador Carlos Bolsonaro e negou, novamente, qualquer amizade com os filhos do presidente. Segundo o delegado, a imagem é de um réveillon de 2018 para 2019 e “Carlos passou no local para saudar os policiais pelo trabalho executado”.
“Nesta confraternização, que não foi uma festa, porque os policiais estariam muito cedo prontos para o trabalho, estavam apenas familiares, incluindo esposas e maridos dos policiais, oportunidade em que o vereador Carlos Bolsonaro passou no local para saudar os policiais pelo trabalho executado, pois no dia seguinte se encerraria a segurança provida pela Polícia Federal com a transmissão do trabalho para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Que não possui amizade com os filhos do presidente”, diz o depoimento.