O presidente Lula (PT) planeja reuniões com líderes e dirigentes da partidos na próxima semana para avançar nas trocas na Esplanada dos Ministérios e contemplar as indicações no primeiro escalão do governo. Hoje Lula tem uma base de apoio frágil e insuficiente no Congresso e busca atrair o centrão.
Como escreveu o colunista Bruno Boghossian, da Folha, Lula tem deixado claro que topa manter abastecidos os parlamentares por meio de cargos e emendas, mas gostaria de pulverizar as transações.
Em vez de apenas contratar Arthur Lira como intermediário na Câmara, o presidente prefere negociar com dirigentes de cada partido ou diretamente com os deputados. Veja em cinco pontos o que se sabe até aqui da reforma ministerial em planejamento:
Quem Lula quer atrair agora para a base do governo?
PP e Republicanos são os principais alvos. Ambos integraram a base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
PP é o partido de Lira, presidente da Câmara e principal líder do chamado centrão. Já o Republicanos tem o deputado Marcos Pereira como presidente –pré-candidato à presidência da Câmara em eleição marcada para fevereiro de 2025, quando Lira deixará o cargo sem opção de reeleição.
Quem esses partidos devem indicar para ocupar vagas no primeiro escalão?
O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) telefonou na semana passada aos líderes dos partidos na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) e André Fufuca (PP-MA), para indicar a intenção de Lula de realizar essas conversas.
Como mostrou a Folha, é considerado certo por membros do Planalto e do Congresso Nacional que Fufuca e o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) serão nomeados ministros. Mas ainda não há consenso sobre quais pastas eles irão chefiar.
As eventuais nomeações de nomes indicados por PP e Republicanos significam uma adesão em bloco ao governo?
Não. As prováveis nomeações devem ser atribuídas à chamada cota pessoal de Lula, dizem interlocutores do petista. Isso porque os partidos devem seguir adotando a linha de que são independentes, na prática, sem a obrigação de sempre votar em bloco a favor de pautas do governo.
Isso ainda não está definido. O PP mira o Desenvolvimento Social, chefiada por Wellington Dias (PT), e o Republicanos, o Ministério do Esporte, comandado pela ex-atleta Ana Moser. Está na mesa a hipótese de entregar a pasta social ao centrão, mas retirar do escopo dela o Bolsa Família –marca das gestões do PT.
Nenhuma possibilidade de rearranjo ministerial está descartada. A única pasta que está efetivamente blindada, segundo auxiliares palacianos, é a da Saúde.
Qual é a atual base do governo?
Hoje essa base de partidos aliados tem se mostrado insuficiente até para a aprovação de projetos de lei. Na Câmara, a base fixa de Lula conta com 225 deputados, ante uma necessidade de ao menos 257 votos para a aprovação de projetos.