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domingo 16 de julho de 2023 às 13:18h

Em 50 anos, Paquistão e Egito podem passar Brasil como maiores economias do mundo, diz Goldman Sachs

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Ao fim das próximas cinco décadas, enquanto os países emergentes seguirão crescendo mais do que os desenvolvidos, a lista das maiores economias do mundo deve estar completamente reformulada.

O grupo dos 10 maiores PIBs globais estará dominado por nações emergentes e donas de populações gigantes em comparação à da maioria das tradicionais potências do eixo norte que hoje ainda dominam o ranking, de acordo com projeções feitas pelo banco Goldman Sachs de como estará a economia global em 2075.

A nação há décadas mais rica do mundo, os Estados Unidos, terá caído para o terceiro lugar, ultrapassada pela China e pela Índia, os dois únicos países do planeta que já têm e terão mais de 1 bilhão de pessoas.

Na sequência, ascenderá uma sucessão de nações de renda média ou baixa que, hoje, não figuram nem entre as 20 mais ricas: Indonésia, Nigéria, Paquistão e Egito, pela ordem.

As quatro terão, até lá, ultrapassado e deixado o Brasil para trás, que deve chegar a 2075 tendo se acomodado na posição imediatamente seguinte, como a oitava maior economia do mundo.

À exceção do Egito, que tem hoje uma população de 100 milhões de pessoas, todas os outros seis países que deverão se acomodar à frente do Brasil na lista dos mais ricos têm, também, populações maiores do que as pouco mais de 200 milhões de pessoas que vivem hoje no Brasil.

França, Itália, Canadá, Espanha e Coreia do Sul são alguns nanicos populacionais, com menos de 50 milhões de habitantes, que já passaram pelo topo da liderança econômica mundial e que, até lá, terão sumido da lista.

Em 2022, segundo o Goldman Sachs, o Brasil ficou na 11ª posição entre as maiores economias do mundo, e, em alguns momentos do começo do século XX1, chegou a estar entre a sexta e a oitava posição.

Maiores populações, maiores PIBs

Esse redesenho do “top 10” econômico global significa que, nessas próximas cinco décadas, a lista das economias donas dos maiores PIBs estará muito mais parecida com a lista dos países mais populosos.

Significa, também, que o nível de renda dos países pobres e emergentes, já considerada a renda média por pessoa, estará um pouco mais perto do que a dos países desenvolvidos, e a desigualdade global terá diminuído — embora a distância entre esses dois grupos, mesmo ao fim de 2075, ainda deva continuar existindo e sendo bem grande.

As contas do Goldman Sachs consideram o PIB total de cada país convertido para dólares.

As estimativas fazem parte da terceira edição de um relatório feito pelo banco de investimento norte-americano desde 2001 com projeções para o crescimento das principais economias desenvolvidas e emergentes do mundo.

Ela atualiza as projeções anteriores, feitas, pela última vez, há uma década.

Para estimar o tamanho do PIB de cada um desses países em um horizonte de tempo tão estendido, o Goldman Sachs leva em consideração fatores como os níveis locais de produtividade e tecnologia, a disponibilidade de jovens e trabalhadores em sua população e, principalmente, as taxas de crescimento da população.

“Os riscos envolvidos em fazer projeções para um futuro tão distante são substanciais”, escreveu o Goldman Sachs em seu relatório.

“Vemos esses resultados menos como uma previsão e mais como uma maneira de revelar uma dinâmica global mais ampla e suas implicações”.

China e Índia no topo

A China, embora já tenha passado de seu pico de mais de 10% de crescimento anual e deva desacelerar nas próximas décadas, irá desbancar os Estados Unidos e se tornar a maior economia do mundo em 2033, na projeção do Goldman Sachs.

“Isto é 10 anos mais tarde do que a nossa projeção de 2011, dado as revisões que fizemos para baixo no potencial de crescimento chinês”, explicou o banco.

“Mas esse potencial ainda é significantemente maior do que o dos Estados Unidos.”

A estimativa é que, ao menos até 2030, o PIB da China ainda cresça a um ritmo de mais de 4% ao ano, enquanto o dos EUA deve ficar em pouco menos de 2%.

A Índia, por sua vez, que passou a China e se tornou neste ano o país mais populoso do mundo, deve conseguir alcançar e ultrapassar o PIB dos Estados Unidos somente em 2075.

PIB per capita ainda distante

Hoje, a Índia e a China têm 1,4 bilhão de pessoas cada, e, os EUA, 333 milhões. Eles são os três países mais populosos do mundo.

Em 2075, projeta o Goldman Sachs, deverão ter próximo de 1,7 bilhão, 1 bilhão e 400 milhões, respectivamente.

Isso faz com que, mesmo tendo PIB já equiparado ao dos Estados Unidos até lá, a China e a Índia ainda continuarão sendo bem mais pobres, se considerado o PIB per capita.

O mesmo é válido para todos os outros países emergentes: com PIB per capita máximo de US$ 55 mil, nenhum deles, em 50 anos, estará ainda perto do nível médio de renda, por pessoas, do que o dos países ricos, que já terá passado dos US$ 100 mil.

Por que Indonésia, Paquistão ou Egito vão passar o Brasil

As explicações para o Brasil ficar para trás enquanto países hoje fora do mapa de grandes potências chegam ao topo passam pelo baixo crescimento que o país teve nos últimos anos.

A principal razão, entretanto, está no ritmo de crescimento das populações de cada um deles.

“O prospecto de um crescimento populacional rápido em países como Nigéria, Paquistão e Egito levam a crer que — com as políticas e instituições adequadas — essas economias podem se tornar algumas das maiores do mundo”, diz o Goldman Sachs.

Nenhuma delas, incluindo a Indonésia, sequer aparece entre as 20 maiores do mundo hoje. Apenas de 2050 em diante, pelas projeções do banco, devem começar a galgar rapidamente posições no top 10 e, até 2075, no top 5.

O Brasil, em contraste, já está vivendo uma desaceleração acentuada no ritmo de crescimento de sua população, conforme revelaram os dados do Censo 2022 divulgados no fim de junho.

Isto, de acordo com especialistas, aponta para um envelhecimento rápido e uma disponibilidade cada vez menor de jovens e adultos para o mercado de trabalho, o que será um desafio para o crescimento no longo prazo.

“A performance excepcionalmente fraca que o Brasil e a África do Sul tiveram nos últimos 10 a 15 anos deve ser parcialmente revertida ao longo do tempo, já que a contribuição significativamente negativa que tiveram de sua baixa produtividade deve diminuir”, diz o Goldman Sachs.

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