O primeiro programa eleitoral na televisão foi marcado pela maior parte dos dos candidatos citando diretamente a fome no país. Líderes nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apostou forte segundo o jornalista Dimitrius Dantas, do O Globo, na comparação entre governos, explorando imagens de covas da Covid contrapondo com alimentos. Bolsonaro, por sua vez, defendeu o governo, indicando que problemas foram causadas pela pandemia e pela guerra, além de enaltecer números da economia neste ano.
Os dois principais candidatos não citaram diretamente um ao outro. Líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula iniciou seu programa questionando o eleitor sobre “que Brasil você quer”, o do ódio ou o do amor. Na imagem, a equipe de comunicação do PT comparou o sinal de uma arma com as mãos, feito pelo presidente e seus apoiadores, e o do “L”, que é feito pelos petistas.
— Peço a Deus que ilumine essa nação e nos ajude a reconstruir o Brasil. É um grande prazer reencontrar você aqui para conversar sobre o futuro do nosso país. A alegria só não é completa porque milhões de irmãos e irmãs que não tem o que comer — afirmou.
Bolsonaro, por sua vez, fez um resumo do seu governo, e também citou as dificuldades causadas pela pandemia, pela seca e pela guerra. Mas o presidente afirmou que 2022 tem sido um novo ano, de volta à normalidade, e novamente destacou o pagamento de R$ 600 aos beneficiários do Auxílio Brasil que, segundo o presidente, será mantido no ano que vem.
— Os preços dos combustíveis foram lá para baixo. E os empregos voltam a crescer de forma cada vez mais robusta. Quanto mais liberdade tivermos, mais empregos serão criados. E atendemos também 20 milhões de famílias com o Auxílio-Brasil, atualmente de R$ 600 e esse valor será mantido — afirmou o presidente.
Terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) também destacou o preço dos alimentos no seu primeiro programa eleitoral . Com o menor tempo de televisão entre os candidatos de terceira via, o candidato disse que a vida só tem melhorado para poucos brasileiros.
— Entrar em um supermercado hoje em dia é levar susto atrás de susto com o preço das coisas. A verdade é uma só: no Brasil de hoje, a vida só melhora para os ricos e para determinado tipo de político, os oportunistas e os corruptos — afirmou Ciro.
Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União), por sua vez, usaram o programa eleitoral para apresentarem suas biografias. A candidata do MDB destacou sua atuação na CPI da Covid e criticou a falta de ação de Bolsonaro durante a pandemia.
— A postura do presidente chocou todo mundo. Onde já se viu negar vacina no momento em que o Brasil mais precisava? Porque não tem sentido um governo que não cuida, não cuida do mínimo, que não proteja, que não tenha afeto pelas pessoas — afirmou.
Thronicke também fez críticas à atual gestão e apresentou imagens destacando o aumento da fome no país. A crítica à polarização entre Lula e Bolsonaro também apareceram no programa da candidata. Segundo ela, o país não pode cometer os erros do passado e nem errar de novo.
— Não é possível ter um povo tão alegre, trabalhador e otimista como o brasileiro sofrendo tanto porque faltam as coisas mais básicas. Eu não admito chamar fome de insegurança alimentar. Quando a barriga da gente ronca, o que a gente sente é fome e fome dói — disse.
Candidato do Partido Novo, Felipe D’Ávila também criticou a polarização e pediu para os eleitores evitarem escolherem “o menos pior”.