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terça-feira 17 de setembro de 2024 às 06:07h

Elmar renova acenos ao Planalto para atrair PT e MDB, mas aliados admitem dificuldades

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Candidato do União Brasil ao comando da Câmara, Elmar Nascimento tem renovado acenos ao Palácio do Planalto e busca convencer as bancadas de PT e MDB a embarcarem na sua candidatura. Aliados, segundo Lauriberto Pompeu, do O Globo, admitem que o movimento esbarra em dificuldades e veem o líder do Republicanos, Hugo Motta, mais bem posicionado para conquistar estes apoios.

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Juntos, esses partidos governistas almejados pelo líder do União reúnem 124 parlamentares. Se o candidato conseguir reverter a tendência de apoio deles a Motta, sairia na frente na disputa. Mirando esses apoios, Elmar fez dois acenos ao governo na semana passada.

Ele fez com que o União se mobilizasse para adiar a votação de um projeto que dá anistia aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro. O texto só vai entrar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) após o fim das eleições municipais. A pedido do governo, Elmar também desistiu de tentar incluir no texto que regulamenta o uso de biocombustíveis um item que, na visão do Planalto, poderia encarecer a conta de luz.

O candidato do União quer usar a proximidade com parte dos partidos da base do governo para atrair o PT.

Em meio às articulações para o comando da Câmara, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma série de reuniões com ministros e líderes dos partidos na Casa. Padilha já recebeu representantes do União Brasil, o que inclui Elmar, do PP e do MDB.

Ele ainda vai receber representantes do Republicanos, PSD, PDT e PSB. Presidente do PDT e líder da maioria da Câmara, André Figueiredo (CE) disse que ainda não há nenhuma reunião marcada entre o partido e o Palácio do Planalto, mas disse que pretende reforçar a posição de estar ao lado de Elmar na disputa.

— Nós estamos com Elmar — declarou o pedetista.

Elmar e o líder do PSD, Antonio Brito (BA), formaram uma aliança para se unir na candidatura mais viável entre os dois e concorrer contra Motta.

O líder do União Brasil trabalha com duas alternativas para chegar competitivo na disputa. A mais otimista é ter o apoio da federação PT-PCdoB-PV; PSD; MDB; PSB; Podemos, além de siglas do bloco partidário liderado por Elmar, como PDT, Avante, PRD, Solidariedade e a federação PSDB-Cidadania.

O PP também faz parte do bloco do União Brasil, mas o candidato não conta mais com a possibilidade de apoio da legenda e admite que a sigla do presidente da Câmara, Arthur Lira, está fechada com Motta. Por esse cenário, Elmar teria o apoio de bancadas que somam 324 parlamentares, enquanto Motta teria apenas Republicanos, PP e PL, com 186 votos.

Mesmo aliados do candidato do União reconhecem que há uma grande dificuldade de atrair o MDB. Isso levaria Elmar ao plano B, com um bloco de 280 deputados, enquanto Motta teria 230.

Além disso, o PT, que é o segundo maior partido da Casa, vê como improvável o apoio a Elmar. Integrantes da bancada da Câmara dizem que é melhor para o partido embarcar na candidatura de Motta, pois ele já tem o aceno de Lira e de outros partidos grandes.

A avaliação é que é preciso que o PT garanta espaços na Casa proporcionais ao tamanho da legenda e que Elmar se inviabilzou pelo histórico instável no modo de lidar com o governo e pela falta de apoio de Lira.

O aceno do líder do União Brasil com a promessa de vencer a eleição na Casa sem aliança com o PL também não surtiu efeito no PT. A bancada na Casa entende que essa articulação é inviável, e que os outros partidos na Câmara não vão querer isolar o PL.

Depois de o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), publicar uma nota sinalizando apoio ao candidato do Republicanos, Elmar conversou com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Nas duas reuniões, os petistas buscaram evitar conflito com o deputado do União e disseram que não há posição fechada.

Na semana passada, o ministro da Casa Civil adotou a mesma linha usada na reunião com Elmar e declarou que não há motivo para antecipar a posição do partido.

— Ainda tem muito tempo pela frente. Acho que o PT, que é o segundo maior partido da Câmara, tem que tomar decisão ponderada, no momento adequado. Usar um pouco o tempo para tomar decisão acertada — declarou durante evento de campanha na eleição da cidade baiana de Ilhéus.

O líder do União também foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insistiu na estratégia de evitar dar a impressão de que vai influenciar na eleição da Casa, ainda que tenha articulado com presidentes de partidos e deputados.

No MDB, o líder do partido na Casa, Isnaldo Bulhões (AL), e o ministro dos Transportes, Renan Filho, são próximos de Hugo Motta e têm atuado a favor dele. Motta já foi filiado ao MDB e colega de bancada de Renan Filho quando ele era deputado. Em mensagem que parabenizou o líder do Republicanos pelo aniversário, Isnaldo chamou o deputado de “esse irmão que arrumei na vida”.

Mesmo sendo o candidato de Lira, que é rival do senador Renan Calheiros (MDB-AL), emedebistas têm mostrado preferência por Motta em vez de Elmar por considerar que o deputado do Republicanos é alguém com um estilo mais previsível de negociar politicamente.

Porém, assim como no PT, integrantes do MDB tentam agir com cautela e evitam se comprometer em um momento em que ainda há uma divisão na disputa pela Casa e também um racha nos partidos da base do governo.

Brito, que age alinhado com Elmar e contra Motta, procurou o ministro das Cidades, Jader Filho, em um jantar de homenagem ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes na última quarta-feira. Segundo relatos, o ministro, que foi indicado ao cargo pelo MDB da Câmara, disse que ainda não há posição fechada da sigla na disputa.

Apesar dos acenos a Elmar, integrantes do MDB dizem que a eleição só acontece em fevereiro e que não valeria a pena tomar uma decisão nesse momento. Também citam que, pelo menos por ora, Isnaldo é o candidato do partido.

Como outras armas na disputa, Elmar tem tentado fazer com que Motta seja visto como um candidato do bolsonarismo, já que é apadrinhado por Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, e também como alguém com pouca autonomia na Casa, sem capacidade de atender aos interesses institucionais dos deputados e da Câmara. Uma das estratégias é tentar mostrar que o líder do Republicanos evita se comprometer em temas caros para um grupo de deputados.

Em contraponto, aliados de Elmar dizem que ele, por exemplo, tem se posicionado a favor do Congresso no cabo de guerra sobre a influência no orçamento.

Já a aposta de aliados de Motta é que ele tenha o apoio do PL, da federação PT-PCdoB-PV e do PP, MDB e Podemos.

Integrantes de todos esses partidos, que já haviam feito acenos a Motta desde quando ele foi lançado candidato, estiveram presentes em um almoço de comemoração ao aniversário dele.

Depois do evento, os líderes do PT, Odair Cunha, do PL, Altineu Cortes (RJ), e o líder do Podemos, Romero Rodrigues (PB), disseram que Lira se manifestou favorável a Motta e que iriam debater com suas respectivas bancadas sobre o apoio a ele.

Aliados de Motta apostam ainda que vão conseguir convencer PSB, PDT e a federação PSDB-Cidadania, que hoje mantém aliança com Elmar, a estarem com o Republicanos. Também avaliam que fatalmente o União Brasil e o PSD não vão querer ficar isolados das presidências de comissões e outros cargos na Casa e podem entrar em um acordo com Motta até fevereiro.

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