O deputado federal pela Bahia, Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, expressou sua insatisfação com a falta de deputados entre os ministros do governo federal. Em meio à crise com o Legislativo e a iminente reforma ministerial no Planalto, o parlamentar questionou segundo Mateus Soares, do jornal Tribuna da Bahia, o número de senadores escolhidos para os cargos ministeriais em detrimento da representação da Câmara.
Ele criticou o desequilíbrio no sistema bicameral na formação do governo, destacando uma supervalorização do Senado em relação à Câmara. Elmar Nascimento apontou que há uma relação desproporcional entre senadores e deputados, com pelo menos três ministros para cada um desses órgãos, ocupando pastas de maior relevância.
Atualmente, o Senado possui sete ministérios no governo: Camilo Santana (PT-CE) na Educação, Flávio Dino (PSB-MA) na Justiça, Carlos Fávaro (PSD-MT) na Agricultura, Simone Tebet (MDB-MS) nas Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG) no Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT) no Desenvolvimento Social e Renan Filho (MDB-AL) nos Transportes.
Por outro lado, a Câmara conta com oito nomes: Juscelino Filho (UB) nas Comunicações, Daniela do Waguinho (UB) no Turismo, Marina Silva (Rede) no Meio Ambiente, Sônia Guajajara (PSOL) representando os Povos Originários, Alexandre Padilha (PT) nas Relações Institucionais, Luiz Marinho (PT) no Trabalho, Paulo Pimenta (PT) na Secretaria de Comunicação (Secom) e Paulo Teixeira (PT) no Desenvolvimento Agrário. Seis desses ministros são da coligação de Lula.
Além disso, Nascimento mencionou a falta de liberação de emendas parlamentares por parte do governo. O Orçamento prevê a destinação dessas emendas aos parlamentares, que as utilizam para beneficiar suas bases eleitorais nos estados. O deputado questionou o fato de que, embora tenham participado da elaboração do Orçamento ao longo do ano, por meio de comissões e subcomissões, os parlamentares não têm o direito de opinar sobre a destinação de apenas 0,33% do Orçamento.
Ele também abordou a suposta infidelidade do partido na Câmara, argumentando que os nomes para ministros do governo não foram aprovados pela bancada. Juscelino Filho e Waldez Goes foram indicados pelo senador Davi Alcolumbre, enquanto Daniela do Waguinho foi uma escolha pessoal de Lula. O próprio Elmar era considerado para um cargo ministerial, mas foi vetado pelo PT.
Ele explicou que, quando o governo decidiu que ele não seria adequado para ocupar um ministério naquela circunstância, ele foi afastado da interlocução e todo o processo que havia sido construído com a bancada na Câmara e com o partido foi ignorado. Isso resultou em uma situação em que os ministros não foram legitimados pela bancada e pelo partido, assemelhando-se a uma operação sem respaldo.
Em relação à influência de Davi Alcolumbre no União Brasil, Nascimento afirmou que está em contato com o senador para discutir possíveis novas indicações, caso a reforma ministerial ocorra. Ele elogiou Alcolumbre como um dos seus melhores amigos em Brasília, destacando sua atuação no Senado e a importância de sincronizar as ações das duas bancadas.