A menos de oito meses da eleição, a maioria dos brasileiros ainda não se interessou conforme a coluna de Josias de Souza, no UOL, em planejar o seu encontro com a urna. É grande a indiferença em relação à disputa presidencial. É maior ainda o desinteresse pela sorte do Poder Legislativo. Ganha uma estátua em praça pública o eleitor que já tiver escolhido um candidato a deputado ou a senador. O mais provável é que você não tenha candidatos ao Congresso. Talvez nem se lembre em quem votou na última eleição. Convém começar a prestar atenção. Estão preparando uma cilada para você.
Hoje, o chamado centrão dá as cartas no Congresso. Segundo Josias de Souza, o presidente Jair Bolsonaro não pronuncia um bom dia sem combinar com Ciro Nogueira, Arthur Lira e Valdemar Costa Neto, chefões do PP e do PL. Desse arranjo resultou o controle do Orçamento federal pelo pedaço bandalho do Legislativo. Para se contrapor a esse grupo, organizam-se pelo menos dois aglomerados partidários. Num, PT, PSB, PCdoB e PV ensaiam a formalização de uma federação, casamento de quatro anos. Noutro, namoram o recém-criado União Brasil, o MDB e, segurando a vela, o PSDB.
Na prática, surgem novos centrões. Servirão ao eleitorado um cardápio de velhas novidades. Quando se der conta, o eleitor terá reconduzido ao Congresso os mesmos vícios de sempre.
O fato de as eleições legislativas coincidirem com as executivas as diminui. Prevalece a errônea sensação de que a escolha do presidente é mais importante do que a seleção dos parlamentares. O crescente deslocamento de Poder do Executivo para o Legislativo faz com que esse equívoco transforme a eleição brasileira numa espécie de loteria sem prêmio.
A conjuntura pede um gesto individual e consciente de cada eleitor. A crise do sistema representativo não admite mais que o dono do voto permaneça no exílio da omissão política. O primeiro passo é abandonar a retórica de que os políticos “são todos iguais”. Não são, diz o colunista.
O excesso de perversão faz com que todos os gatunos parecerem pardos. Mas a igualdade absoluta é uma impossibilidade genética. De resto, a magia da democracia está na possibilidade de demonstrar aos eleitos inconscientes que ainda existe o eleitor impaciente.