Os eleitores que declaram voto em Jair Bolsonaro (PL) não creem que existam chances de acontecer uma nova ditadura no Brasil. É o que mostra uma pesquisa Datafolha realizada na semana passada e publicada nesta quarta-feira no jornal Folha de S. Paulo. De acordo com o levantamento, quase oito entre dez deles apontam a democracia como melhor forma de governo, seguindo o eleitorado em geral. Porém, eles têm uma tendência numericamente maior de achar que, em certas circunstâncias, uma ditadura seria melhor.
Questionados sobre o futuro da economia no país e de sua própria situação financeira, os adeptos de Bolsonaro se mostram mais otimistas. Comparado com meses atrás, o mandatário tem avançado entre as pessoas que recebem o Auxílio Brasil e outros benefícios.
Veja o que pensam as pessoas que têm o presidente como primeira opção de voto sobre democracia e economia, temas incluídos na mais recente rodada da pesquisa, encomendada pela Folha e pela TV Globo e registrada sob o número BR-09404/2022. Foram 5.744 entrevistados com 16 anos ou mais. Desses, 2.626 são eleitores de Lula, 1.799 de Bolsonaro e 460 de Ciro Gomes (PDT). Nesse último grupo, a margem de erro total de dois pontos percentuais sobe para cinco. A amostra dos demais candidatos é muito pequena para análise.
Democracia X ditadura
De acordo com a pesquisa, 61% dos eleitores de Bolsonaro acreditam que não há chance alguma de haver uma nova ditadura no Brasil, contra 42% dos que declaram voto em Lula. Outros 13% dos apoiadores do presidente veem muita possibuilidade. Já 19% creem que há um pouco de chance de o regime ser instaurado.
Em relação à concordância com a democracia, o grupo segue o eleitorado em geral: 77% acham que essa é a melhor forma de governo, ante 75% do total. Outros 10% pensam que “tanto faz”, um pouco abaixo de 12% do total.
Os apoiadores de Bolsonaro, no entanto, têm um índice maior dos que acreditam que “em certas circunstâncias é melhor uma ditadura” — 9% concordam com a frase, contra 6% dos eleitores de Lula e 5% dos de Ciro. Essa diferença fica entre as margens de erro.
Economia
Segundo a pesquisa, 71% dos que declaram voto em Bolsonaro acham que a situação econômica do Brasil vai melhorar nos próximos meses, contra 48% do eleitorado em geral. Apenas 6% dizem acreditar que as coisas vão piorar — um terço dos 18% totais.
Em relação à sua própria condição financeira, os eleitores do mandatário são ainda mais otimistas: 76% estão convencidos de que ela vai melhorar, ante 58% do total. Outros 19% preveem estabilidade e 2%, piora — abaixo da média geral de 8%.
Com a economia no topo das preocupações dos eleitores, o presidente tomou, nos últimos meses, medidas para para conter a alta dos preços dos combustíveis, aumentar o valor o Auxílio Brasil e criar novos benefícios para os mais pobres. Bolsonaro tem avançado entre os beneficiários, mas os pagamentos ainda não parecem ter gerado os dividendos políticos esperados por ele para alcançar Lula — os que recebem representam 24% de seu eleitorado e 31% do candidato do PT.