O Brasil registrou uma virada para cada quatro disputas de segundo turno nas eleições para prefeito realizadas nos últimos 20 anos.
Das 236 disputas de segundo turno ocorridas de 2004 a 2020, em 63 ocasiões os candidatos que tiveram uma votação menor que a do concorrente no primeiro turno conseguiram ganhar a eleição, o que representa 27%.
A análise de Marina Pinhoni, Daniel Mariani e Nicholas Pretto da Folha de S. Paulo, é feita com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas eleições de 2024, haverá segundo turno em 52 cidades, sendo 15 capitais.
Entre elas está São Paulo, onde a disputa entre os três primeiros colocados foi a mais acirrada desde a redemocratização e terá embate final de Ricardo Nunes (MDB) contra Guilherme Boulos (PSOL). No primeiro turno, a diferença entre eles foi de apenas 0,41 ponto percentual a favor do prefeito.
A única virada na capital paulista aconteceu em 2012, quando Fernando Haddad (PT) passou José Serra (PSDB) por 55,57% a 44,43%. A diferença entre eles no primeiro turno havia sido de 1,7 ponto percentual a favor do tucano: 30,75% a 28,98%.
A menor diferença entre candidatos em 2024 é de Camaçari (BA), onde Caetano (PT) teve 49,52% dos votos e Flávio (União Brasil), 49,17% —0,35 ponto percentual a menos.
Historicamente, quanto menor a distância de votos entre os candidatos no primeiro turno, maior a chance de virada. Das 73 disputas em que a diferença foi menor que cinco pontos percentuais no primeiro turno, 27 candidatos viraram.
Só um candidato a prefeito foi capaz de reverter uma diferença maior que 25 pontos percentuais na história: Aidan Ravin (PTB) surpreendeu em 2008 ao vencer Vanderlei Siraque (PT) em Santo André (SP) no segundo turno por 55% a 44,9%.
Ele encerrou 12 anos de gestão petista no município do ABC paulista. O prefeito da época, João Avamileno, tinha sido reeleito em 2004 e era vice de Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, que administrava a cidade desde 1997.
No primeiro turno, Siraque teve 48% dos votos contra 21% de Aidan, uma distância de 27 pontos percentuais.
Há também casos em que os eleitos conseguiram superar uma diferença maior do que 20 pontos percentuais.
Em 2016, na cidade de Franca (SP), Gilson de Souza (DEM) levou a prefeitura com 56,33% dos votos contra Sidnei Franco Da Rocha (PSDB), que obteve 43,67% no segundo turno. No primeiro turno, Sidnei havia ficado na frente com 45,09% contra 22,56%.
Já em Londrina (PR), em 2012, Alexandre Kireeff (PSD) se elegeu com 50,53% contra Marcelo Belinati (PP), com 49,47%. O primeiro turno foi 45,38% a 25,27% para Belinati.
Nas eleições de 2024, cinco cidades com disputa de segundo turno tiveram uma diferença maior que 25 pontos percentuais no primeiro turno.
É o caso de Petrópolis (RJ), com 32,19 pontos percentuais de diferença. O segundo turno na cidade fluminense será entre Hingo Hammes (PP) e Yuri (PSOL), que tiveram votação de 49,96% e 17,77%, respectivamente.
A capital João Pessoa (PB) é a segunda cidade com maior distância entre os candidatos, de 27,39 pontos percentuais. No primeiro turno, Cicero Lucena (PP) teve 49,16% e Marcelo Queiroga (PL), 21,77%.