Depois do pleito, começa corrida para escolha de presidente da Comissão Europeia.As eleições para o Parlamento Europeu chegaram na reta final neste domingo (9), quando eleitores de 20 dos 27 países da União Europeia (UE) vão às urnas, incluindo Alemanha, França, Espanha e Suécia. Desde quinta-feira, os europeus estão votando para escolher os novos eurodeputados.
Cerca de 350 milhões de eleitores vão eleger os 720 representantes dos 27 países membros do bloco. A largada da eleição foi dada na Holanda, mas é neste domingo que a maioria dos países está votando para determinar os rumos da política da UE para os próximos cinco anos.
Cada país da União Europeia tem direito a um determinado número de assentos no Parlamento Europeu – de acordo com seu tamanho, mas não estritamente proporcional à sua população. Como o integrante do bloco mais populoso, a Alemanha é representada por 96 eurodeputados. Os países menores, como Chipre, Malta e Luxemburgo, têm direito a seis eurodeputados cada um.
Manutenção da paz, segurança social e imigração são os temas principais desta eleição para os eleitores alemães, segundo uma pesquisa de maio da emissora pública alemã de televisão ARD. Já a maioria dos europeus considera a luta contra a pobreza e a saúde as questões mais importantes, seguidas de fomento à economia, criação de empregos e política de segurança e defesa do bloco, segundo a pesquisa Eurobarômetro de abril.
As principais tarefas do Parlamento Europeu
Em muitas áreas, como proteção ambiental e políticas migratória e econômica, o Parlamento Europeu é um dos dois legisladores. Os eurodeputados precisam sempre aprovar as novas legislações juntamente com o Conselho da União Europeia, que representa os 27 países-membros. Em outras questões, como política de segurança e defesa, o Parlamento Europeu é apenas informado e consultado. O órgão normalmente não apresentas propostas de leis, essa tarefa cabe à Comissão Europeia.
No Eurobarômetro, 70% dos entrevistados afirmaram que a UE influencia seu cotidiano. No entanto, a participação nas eleições europeias costuma ser baixa. No pleito anterior, em 2019, a marca de 50% foi ultrapassada depois de muito tempo.
O que ocorre depois das eleições
Pouco mais de uma semana depois das eleições, em 17 de junho, os chefes de Estado e governo da UE se reunirão para um encontro informal do Conselho Europeu, em Bruxelas. O objetivo é chegar a um acordo para preencher os principais cargos da União Europeia, inclusive o de presidente da Comissão Europeia.
Os tratados do bloco estipulam que os chefes de Estado e governo da UE indiquem os candidatos. A próxima reunião regular do Conselho Europeu está programada para o fim de junho.
Para a escolha, pode ser usado o “princípio da cabeça de chapa”, pelo qual a bancada parlamentar com a maioria dos assentos assumiria a presidência da Comissão Europeia. Se esse sistema for seguido, a atual ocupante do cargo e candidata do Partido Popular Europeu (PPE), Ursula von der Leyen, teria as melhores chances, de acordo com as pesquisas mais recentes de intenção de voto.
Depois da nomeação, o futuro presidente da Comissão Europeia é então eleito por maioria simples no Parlamento Europeu.
Barganha já começou
A barganha por essa maioria já começou em Bruxelas. Em um debate televisivo, von der Leyen afirmou que irá trabalhar com eurodeputados que se posicionam claramente a favor da Europa e do Estado de Direito e que apoiam a Ucrânia. Ela inclui nesse grupo a ultradireitista Georgia Meloni, primeira-ministra da Itália. Von der Leyen, porém, descartou uma cooperação com o partido francês Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen.
Até agora, esses dois partidos ultradireitistas pertencem a grupos parlamentares distintos. A sigla de Le Pen faz parte da bancada parlamentar Identidade e Democracia (ID), já o Irmãos da Itália, legenda de Meloni, integra o Reformistas e Conservadores Europeus (ECR).
A aproximação com o campo mais a direita não é isenta de perigo para von der Leyen. Ela pode perder votos de outras bancadas, por exemplo, entre os social-democratas.
Os resultados das eleições neste domingo vão revelar se foi concretizada a especulada ampliação da presença da ultradireita no Parlamento Europeu. Esse aumento em si não garante a união dos partidos populistas de direita em uma única bancada, como busca Le Pen. Segundo pesquisas eleitorais, os partidos ultradireitistas poderiam se tornar a segunda força no Parlamento Europeu.
O novo Parlamento Europeu se reunirá pela primeira vez em 16 de julho, em Estrasburgo. Até lá, deverá estar claro a nova configuração e o tamanho das bancadas parlamentares.