Líderes nas pesquisas de intenção de voto para o principal posto em disputa nas eleições, Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) serão usados por algumas dezenas de candidatos que pretendem surfar nos nomes dos políticos mais populares do país para conseguir um bilhete para o Legislativo.
Um levantamento realizado por Pedro Grigori, do Correio Braziliense, a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificou que 33 postulantes aos cargos de deputado federal, estadual ou distrital vão usar “Bolsonaro” no nome de urna, enquanto nove vão se apoiar em “Lula”.
No caso do presidente, apenas dois candidatos realmente têm “Bolsonaro” no nome: o filho 03, Eduardo, e Valéria Bolsonaro, casada com um primo em segundo grau do chefe do Executivo.
Os demais candidatos são personalidades relacionadas com a família Bolsonaro, ou simplesmente apoiadores fiéis que pregam as palavras do bolsonarismo.
No Distrito Federal, quatro postulantes surfam no nome de Bolsonaro. Fabiano Guimarães da Rocha, que terá como nome na urna “Fabiano Intérprete Bolsonaro”, será candidato a deputado federal pelo Republicanos. Trata-se do intérprete de libras que participava das lives semanais do presidente.
De olho em uma vaga como deputado distrital, Leonardo Rodrigues de Jesus disputará as eleições como “Léo Índio Bolsonaro”, pelo PL. Para quem não lembra, o “índio” é o grande amigo de Carlos Bolsonaro, que se apresenta nas redes sociais como sobrinho do presidente — mas na verdade é sobrinho de Rogéria Nantes, ex-mulher de Bolsonaro.
A mãe de Jair Renan, Cristina Siqueira Valle, também vai tentar uma vaga na Câmara Legislativa do DF, filiada ao PL e com o nome de urna “Cristina Bolsonaro”. Nas peças de divulgação da campanha, Cristina apostou em fotos ao lado do filho e do ex-marido.
Ainda no DF, Kelly dos Santos se registrou como “Kelly Bolsonaro”. Diferente dos outros três, ela não tem vínculo direto com a família Bolsonaro, mas passou a adotar o nome após participar de protestos em favor do presidente.
Sul e sudeste são líderes de “Bolsonaros”
Os estados do Paraná e de Minas Gerais são os que mais registraram “Bolsonaro” como postulantes, com cinco em cada.
Em relação às siglas, a metade optou pela mesma do presidente, e disputam um cargo eletivo pelo PL. Ainda há candidatos com o nome “Bolsonaro” filiados ao PRTB, PTB, PP, Republicanos, Patriota, Pros e Agir.
Mas nem todos apostaram na combinação clássica de um nome próprio somado ao sobrenome “Bolsonaro”. Alguns postulantes arriscaram em opções “mais criativas”.
No Acre, por exemplo, temos o “Bebe Bolsonaro” — sem o acento circunflexo mesmo. Na Bahia, Genivaldo de Souza Araújo optou por um nome clássico para disputar uma vaga de deputado estadual: “Capitão de Bolsonaro”.
Em Pernambuco, um postulante decidiu não se apoiar apenas em Bolsonaro, e tenta surfar também no nome do ex-deputado federal conservador Enéas Carneiro. E assim nasceu “Aldeny Bruno Enéas Bolsonaro”, filiado ao PL — que usa até a mesma barba e corte de cabelo do ex-deputado.
Outro que decidiu apostar na simplicidade foi Francisco Olinda, que vai tentar uma vaga de deputado estadual com o nome “Bolsonaro Sergipano”. E ainda há os religiosos com Bolsonaro. Em São Paulo, representados pela Pastora Ana Bolsonaro, e em Santa Catarina, pelo Padre Bolsonaro.
Em MG, Armando Lima usou o próprio nome para criar um bordão na urna: “Armando Bolsonaro”.
No Rio Grande do Sul, um candidato a deputado federal pelo PSol decidiu usar o nome do presidente para fazer um protesto e se registrou como “Chris Col Bolsonaro Nunca Mais”. No entanto, o postulante renunciou a candidatura
Candidatos também se apoiam no nome de Lula
Líder nas pesquisas de intenção de voto, o nome de Lula também é usado por alguns candidatos que tentam surfar na popularidade do petista. São nove nomes (tirando aqueles que realmente se chamam Lula), e, diferente de Bolsonaro, não há parentes do ex-presidente na disputa.
Cinco candidatos estão na região Nordeste, sendo três apenas no Maranhão. O Coletivo Lula Presidente, um postulante a mandato coletivo, disputa uma vaga na Câmara dos Deputados, e Carlos Lula e Luiz Henrique Lula, que esperam ser eleitos deputados estaduais.
Em Tocantins, um candidato a deputado estadual resolveu unir o apoio a Lula com o amor por um músico. Raimundo de Jesus Belchor colocou um I a mais no sobrenome e se registrou como “Belchior Lulão”, assim como o músico Belchior.
Santa Catarina é o estado com mais candidatos que usam “Lula” no nome fora do Nordeste, com dois. Um deles é o “Dani Coletivo Juventude Lula”, que também é um postulante a mandato coletivo com integrantes jovens que militam pela defesa dos direitos LGBTQIA+ e da população negra e indígena.
Entre os lulistas, sete são filiados ao PT, um ao PCdoB e um ao PSB.