As eleições deste ano terão pelo menos 5.500 religiosos concorrendo às prefeituras e às Câmaras Municipais. Os nomes mais populares usados na urna são “pastor” e “irmão”.
Com base nos dados fornecidos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o UOL identificou pelo menos 5.555 candidatos que usam alguma referência religiosa no nome da urna ou que registraram “sacerdote ou membro de ordem ou seita religiosa” como ocupação. Os números podem ser maiores já que os partidos têm até o final do dia de hoje para inscrever os concorrentes às vagas.
Isso representa quase 2% dos 283.316 candidatos registrados até o início da sexta-feira. Destes, 69 concorrem às prefeituras de cidades em todas as regiões do país. Outros 11.481 almejam se tornar vereador.
Os postulantes a prefeito religiosos representam apenas 0,6% do total. Entre eles, 18 se classificam como “sacerdote ou membro de ordem ou seita religiosa” na profissão e apenas três não usam referências religiosas na urna, como “pastor”, “padre” ou “mãe”.
Contudo esse número despreza candidatos reconhecidamente religiosos, mas que não declaram isso em seu registro eleitoral. Por exemplo, Marcelo Crivella (Republicanos), prefeito do Rio que concorre à reeleição, relacionado aos evangélicos, não está na lista. Isso porque ele não usa nenhum termo na urna e declara sua profissão apenas como prefeito. Sua coligação leva o nome “Com Deus, pela Família e pelo Rio”.
Já para as Câmaras, os religiosos representam 2% do total de candidatos e 441 indicam a religião profissionalmente. Só 94 não fazem referência na urna.
Há referências às religiões cristãs (católica e protestante) e de matrizes africanas. As identificações mais populares são “pastor/pastora” e “irmão/irmã”, que, somados, representam 82% de todas as candidaturas religiosas.
Nome é ligado à legitimidade moral, diz analista
De acordo com o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, usar referências religiosas no nome da urna é uma tentativa de se diferenciar e trazer certa legitimidade ligada à religião.
“[O nome com referência religiosa] chama a atenção porque, de certa maneira, é portador de um discurso que dá legitimidade moral, por conta do valor da religião. Ele tem um elemento que se diferencia dos outros”, afirma Prando.
“Da mesma forma que colocar ‘major’ tem uma força de alguém que vai prezar pela segurança. Na eleição passada, muitos usaram ‘professor’. No final das contas, não faz sentido você usar um nome ao qual você não visa se relacionar”, concluiu.