A saúde dos candidatos à presidência tem sido tema recorrente em conversas no Congresso, e devem motivar segundo a coluna de José Casado, cobranças públicas de transparência durante a temporada eleitoral.
É natural, num país com histórico de sonegação e manipulação de informações sobre o bem-estar físico e mental de líderes políticos, em nome do poder que se pretende preservar. Exceções nas últimas seis décadas foram Lula, Dilma e José Alencar, exemplares na transparência médica enquanto estiveram no governo.
Com Jair Bolsonaro, 66 anos, preocupações são permanentes no Palácio do Planalto, por causa das sequelas do atentado à faca na reta final das eleições de 2018.
Não há indícios de complicações, mas assessores têm debatido um plano de campanha com restrições e, pelo menos, duas revisões médicas. Uma ocorreria antes da convenção partidária, em junho. Outra seria antes do primeiro turno, eventualmente com internação hospitalar para exames rotineiros que justificaria ausência em debates.
No PT se prevê que Lula, 76 anos, deva se submeter a uma revisão médica completa antes da convenção de junho, para certificar a capacidade de participar da corrida e “ficar até 20 horas acordado”, como costuma dizer.
Campanha eleitoral é maratona, exige preparo físico e um plano de batalha que inclua até redutos adversários, onde o candidato vai mesmo sabendo que a eleição ali está perdida desde sempre.
Bom-humor é fundamental, revelador do ânimo de quem caça votos. Em 1996, o senador Antonio Carlos Magalhães chegou a Santo Antônio de Jesus, pequena cidade do Recôncavo baiano, para visitar os dois principais candidatos a prefeito, seus aliados.
Situação delicada, sinônimo de problema porque tudo que agradava a um, desagradava o adversário. A pose na fotografia, por exemplo.
— Senador, essa minha foto com o senhor está igualzinha à que fez com o outro candidato — reclamou um deles, exibindo cópias.
ACM olhou, e rebateu rápido: — Não tem importância, você é o meu preferido.
— Mas como as pessoas vão saber? — retrucou, desafiante. — Está tudo igual.
O senador pegou o par de fotos, examinou-o como se fosse diamante recém-extraído e disse: — Olhe, você não prestou atenção no detalhe do sorriso: estou muito mais alegre com você…