terça-feira 11 de fevereiro de 2025
O deputado Eduardo Bolsonaro responde a processo por causa de uma declaração em que comparou “professores doutrinadores” a traficantes — Foto: Brenno Carvalho/O Globo
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terça-feira 11 de fevereiro de 2025 às 10:19h

Eduardo Bolsonaro vai aos EUA explorar investimentos de agências no Brasil

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) desembarcou nesta última segunda-feira (10) em Washington D.C. segundo Johanns Eller e Malu Gaspar, do O Globo, para uma rodada de reuniões com parlamentares do Partido Republicano, legenda do presidente Donald Trump. O objetivo é obter informações sobre os financiamentos realizados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid) no Brasil, bem como de outras entidades de investimentos estrangeiros sediadas em solo americano.

O périplo pelos EUA faz parte de uma estratégia para criar um ambiente favorável para um projeto que anistie os golpistas envolvidos nos ataques do 8 de janeiro.

A proposta, que poderia abrir uma brecha para perdoar Jair Bolsonaro caso ele seja condenado, é a principal bandeira do bolsonarismo atualmente e tem prioridade absoluta em relação a outras propostas, como a revisão da Lei da Ficha Limpa.

Desde que Trump elegeu a USAid como um de seus principais alvos no governo americano, Eduardo e outros bolsonaristas têm alimentado nas redes sociais e em canais da direita a tese de que a agência teria interferido na eleição presidencial brasileira de 2022 durante o governo Joe Biden com repasse de dinheiro para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pretexto de combater a desinformação e as fake news, quando a Corte era presidida por Alexandre de Moraes.

O filho 03 de Bolsonaro é cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, cargo que já ocupou entre 2019 e 2021. Como mostrou o colunista Lauro Jardim, o PT se movimenta para assumir o colegiado e impedir que o cargo seja usado para disseminar a agenda trumpista no Brasil.

Na capital americana, Eduardo deve se encontrar com os deputados republicanos Chris Smith (Nova Jersey), María Elvira Salazar (Flórida) e Rich McCormick (Geórgia), além dos senadores Rick Scott (Flórida) e Mike Lee (Utah), também aliados de Trump, em buscas de informações sobre aportes da USAid e outras agências dos EUA em programas no Brasil, especialmente na seara eleitoral.

Smith e María Elvira protocolaram em outubro passado, antes da eleição de Trump contra a então vice-presidente Kamala Harris, um projeto de lei que pretende restringir a cooperação financeira e judicial entre órgãos americanos e instituições do Brasil e barrar o financiamento a entidades voltadas para o combate à desinformação que venham a assessorar a Justiça Eleitoral brasileira.

Acusação de interferência

Um dos exemplos da suposta interferência citados no projeto de lei dos republicanos é a participação do TSE em um estudo internacional contra as fake news financiado por um programa da USAid, além de um intercâmbio entre o tribunal e ONGs de combate à desinformação financiadas pela agência.

O texto proíbe que os EUA acatem a solicitação de “entidades estrangeiras” por cooperação em medidas judiciais — caso o procurador-geral, equivalente ao ministro da Justiça no Brasil, constate que o pedido “causará, facilitará ou promoverá a censura” ao direito à liberdade de expressão previsto na primeira emenda da Constituição americana. A medida alcança solicitações que mirem plataformas digitais sediadas no país, como é o caso da rede social X.

Além deles, McCormick e Scott também já se posicionaram a favor de causas bolsonaristas no Congresso dos EUA e são autores de um projeto de lei que suspenderia os vistos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão de suspender o X no Brasil, bem como a política de remoção de conteúdos em inquéritos sigilosos como o das fake news e o da trama golpista.

A expectativa de Eduardo, segundo fontes ouvidas pela equipe do blog, é que a “expedição” em Washington renda ao menos elementos que fortaleçam a narrativa de que a gestão Biden agiu a favor de Lula.

Isso apesar de, por ora, de concreto só haver registros de que os EUA alertaram Bolsonaro que rechaçariam qualquer ruptura democrática em Brasília caso o incumbente fosse derrotado nas urnas e condenaram energicamente os ataques às sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro como uma tentativa de golpe de Estado.

Ainda assim, a recepção de Eduardo Bolsonaro pela comitiva republicana, atrelada ao clima político tenso na USAid desde a posse de Trump, devem ser exploradas pelo deputado brasileiro junto à base bolsonarista.

Criada nos anos 60 durante o governo John Kennedy no contexto da Guerra Fria, a USAid destinou em 2023 US$ 40 bilhões – o equivalente a R$ 235 bilhões, ou apenas 1% do orçamento dos EUA – a doações para 130 países. A agência opera em parceria com ONGs, entidades internacionais e governos nacionais em projetos que variam desde desafios de governança até o combate ao vírus HIV no continente africano.

Trump, porém, congelou os investimentos da USAid por 90 dias e acusou publicamente a entidade de viés ideológico. Além disso, não esconde o objetivo de desmantelar o órgão até o fim do seu governo, o que também é defendido pelo bilionário Elon Musk, designado pelo presidente americano para chefiar o Departamento de Eficiência Governamental com o objetivo de economizar US$ 2 trilhões e remodelar a máquina pública dos EUA.

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