sábado 23 de novembro de 2024
O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Pierre-Olivier Gourinchas, disse que a persistência da inflação subjacente poderia levar os bancos centrais a manterem as taxas de juros mais elevadas por mais tempo - AFP
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quarta-feira 12 de abril de 2023 às 08:47h

Economista-chefe do FMI alerta que inflação pode continuar alta até 2025

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Os fatores que fizeram a inflação disparar a níveis históricos no mundo poderão persistir até 2025, indicou à AFP nesta última terça-feira (11) Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os preços em todo o mundo subiram desde a rápida reabertura da economia global, depois dos fechamentos provocados pela pandemia de covid-19. A inflação continuou subindo, alimentada pela invasão russa à Ucrânia, no ano passado, que causou picos de preços das matérias-primas.

“A inflação ainda nos acompanha”, disse Gourinchas durante uma entrevista em Washington, pouco depois de o FMI elevar a 7% sua previsão de inflação para este ano.

Apesar de uma campanha veemente e concertada dos bancos centrais para frear a disparada dos preços com o aumento dos juros, a inflação, em muitos países, permanece bem acima dos 2%, meta estabelecida pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, assim como os de outros países.

“Particularmente, a inflação subjacente não começou a diminuir significativamente para a meta”, disse Gourinchas, em relação aos preços dos alimentos e da energia. “Provavelmente, não irá acontecer antes do fim de 2024, talvez em 2025”, acrescentou.

A persistência da inflação subjacente significa que os bancos centrais teriam que manter suas taxas de juros mais elevadas por mais tempo, afirmou. Uma decisão como esta adicionaria pressão a um sistema financeiro já afetado pelo colapso dramático do banco californiano Silicon Valley Bank (SVB), no mês passado.

À queda do SVB seguiram-se a de outros bancos regionais americanos e a fusão, sob pressão, do banco de investimentos suíço Credit Suisse em favor de seu concorrente, UBS.

Gourinchas disse que a “intervenção muito contundente”, por parte do Fed, do Banco Nacional Suíço e de outros ajudou a conter os desafios imediatos provocados pela queda do SVB, mas alertou que ainda restam desafios potenciais. “Estamos em uma situação onde há níveis elevados de nervosismo no mercado”, afirmou.

Um setor que preocupa é o imobiliário, em parte devido à retomada lenta do trabalho em escritórios em várias cidades do mundo no pós-pandemia.

Gourinchas advertiu que deve haver outras instituições financeiras, como o SVB, expostas demais aos riscos das taxas de juros, o que poderia causar problemas se estas se mantiverem altas, enquanto os bancos centrais combatem a inflação.

Países sem as ferramentas fiscais para ajudar no combate à inflação também sofrem, ressaltou Gourinchas. “A gente deveria ser muito vigilante para assegurar que os locais frágeis sejam reforçados e fortalecidos”, concluiu.

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