Quase foi!
Silvio Santos entrou nas eleições presidenciais de 1989 (a primeira por voto direto em 29 anos) meio que de supetão: a menos de um mês do pleito. Sua popularidade quase garantiu uma vaga no segundo turno, mas a candidatura foi impugnada, porque sua legenda, o minúsculo Partido Municipalista Brasileiro, não estava devidamente regularizado com a lei eleitoral.
Aviãozinho de dinheiro
Durante a candidatura, suas propostas eram vagas.Se vencesse, ele provavelmente defenderia o setor empresarial, protegendo a reserva de mercado e mantendo barreiras comerciais. Para compensar políticas austeras anti-inflação, pouco populares, ele recorreria a ações populistaseassistencialistas, algumas bem ao estilo “Quem quer dinheiro?”
Chefe… ou subordinado?
Eleito por um partido nanico e sem base política sólida,Silvio teria que fazer várias alianças no Congresso. Partidos de centro-direita, como DEM, PTB e grande parte do MDB, iriam aderir ao governo, ocupando ministérios e outros cargos públicos. Dificilmente Silvio conseguiria implantar seus projetos e correria o risco de se tornar uma marionete das forças aliadas.
Como domar seu dragão
Sua principal meta seria conter a inflação, que bombava naquela época. Provavelmente adotaria uma política neoliberal, tal qual Fernando Henrique Cardoso em 1995, buscando apoio de economistas mais conservadores e nomeando um banqueiro como ministro da Fazenda. Se o “Plano Santos” desse certo, Silvio poderia até propor a reeleição ao Congresso, também como FHC.
Barra limpa
Sem o apoio das forças que o colocaram no poder e com um partido pequeno, Fernando Collor não disputaria a presidência novamente. Voltaria para Alagoas, seu berço eleitoral,e miraria no Legislativo. Provavelmente, usaria sua influência para negociar apoio ao governo federal. Não teríamos um presidente derrubado por impeachment nem o trágico Plano Collor, que confiscou poupanças.
Vermelhou!
O MDB continuaria forte e governista. O PT se consolidaria na oposição, já largando com uma fatia de 30% do eleitorado. Lula se manteria como a principal liderança da esquerda e faria dura oposição ao governo Silvio Santos. Mas é possível que o cenário acelerasse sua carreira. Sem a queda de Collor, não haveria o governo Itamar Franco e o Plano Real, que levou FHC à presidência. Talvez Lula chegasse ao poder já em 1994. Ironicamente, uma coligação com FHC como vice-presidente não seria improvável…
Balançando no Ibope
Silvio teria que nomear um novo chefão no SBT. Suas filhas eram jovens, então o mais provável é que a administração caberia a profissionais de mercado, com supervisão de algum parente. O estilo centralizador de Silvioe o baixo nível de profissionalização da emissora na época dificultariam ainda mais a transição. O SBT “patinaria” por algum tempo até se reestabilizar.
De rivais a parceiros
Silvio não usaria o poder para sabotar sua principal concorrente, a Rede Globo. As necessidades de ambos falariam mais alto: a emissora da família Marinho continuaria com fácil acesso a financiamentos de bancos públicos e, em troca, não faria campanha aberta contra o novo presidente. O mero afastamento de Silvio da direção do SBT talvez já acalmasse a rivalidade
Atenção dividida
Seu pupilo, Gugu Liberato, teria assumido a programação do domingo e se tornaria uma das maiores forças culturais do Brasil. Mas a carreira como apresentador não seria totalmente interrompida. Ele poderia usar a TV para divulgar ações do governo e falar diretamente com o povo (o SBT até já tinha um esquete fixo, a Semana do Presidente). Mas suas empresas enfrentariam dificuldades com sua ausência.É possível que a fraude contábil que derrubou o Banco Panamericano em 2011 e quase faliu Silvio ocorresse antes.