Circula pelo WhatsApp a foto de uma passeata política na qual diversas pessoas aparecem com os braços levantados fazendo o sinal de L com as mãos — gesto que é marca da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na publicação, um homem aparece destacado em um círculo vermelho.
A legenda afirma se tratar do suposto autor do atentado à creche Cantinho do Bom Pastor em Blumenau, Santa Catarina, que ocorreu em 5 de abril. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
A informação analisada pela Lupa é falsa. A foto que circula nas redes sociais é uma montagem. O registro original foi publicado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) em seu perfil no Instagram, em setembro de 2022, durante uma passeata política. Ao comparar as imagens, é perceptível a manipulação.
A montagem, na verdade, sobrepõe digitalmente o rosto do criminoso ao do então candidato a vice-governador de Sergipe, Sergio Gama, companheiro de chapa do senador petista. A informação foi confirmada via assessoria de imprensa de Rogério Carvalho por meio de mensagem no WhatsApp. No Instagram de Sergio Gama, há postagens semelhantes às do senador.
Na peça desinformativa, é possível observar que a cabeça do suposto autor do ataque à creche de Blumenau (SC) é desproporcional ao tamanho do corpo. Além disso, Gama, que aparece no registro original, tem características diferentes, como cabelo maior e tom de pele mais claro.
Ataque à creche
Em 5 de abril deste ano, um homem invadiu com uma machadinha a creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, e assassinou quatro crianças. Outras cinco ficaram feridas — quatro delas já receberam alta. Segundo a Polícia Civil, o autor do atentado agiu sozinho. Após o crime, o homem se entregou no batalhão da Polícia Militar e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Entidades como a Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) explicam que, em casos como este, a difusão de fotos e vídeos do ataque funciona como um incentivo à repetição do acontecimento, e a divulgação dos detalhes serve para criar um modelo para outros atentados. E que, por isso, imagens como essas não devem ser compartilhadas pela mídia ou nas redes sociais.
Esse conteúdo também foi verificado por Aos Fatos, Boatos.org e Estadão Verifica.