O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira, que é “mais difícil” encontrar mulheres e pessoas negras para determinados cargos, após ser questionado sobre a falta de diversidade no governo. Em entrevista ao Uol, o petista argumentou que a sub-representatividade é consequência do fato de que estes grupos não tiveram participação na política brasileira ‘mais contundente’.
— Está faltando mulher, isso é um problema crônico que é meu dia a dia. Discuto isso todo dia com a Janja. Como a mulher não teve uma participação ativa por muito tempo, fica mais difícil você encontrar mulher para determinados cargos e fica mais difícil você encontrar negros para determinados cargos — disse o presidente.
Lula ressaltou querer e precisar de mais mulheres e negros no governo. O petista disse desejar que a gestão tenha “a cara do Brasil”.
Na primeira semana do governo, em janeiro de 2023, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que a pasta estuda criar um banco com currículos de pessoas pretas que possa ser consultado pelos gestores para preencher vagas nos ministérios da gestão.
A fala ocorreu um dia após a ministra do Planejamento, Simone Tebet, ter dito que era “difícil” levar mulheres pretas para a Esplanada dos Ministérios, já que muitas são “arrimo de família”.
— Quero não só ter mulheres, mas mulheres pretas. E a gente sabe, lamentavelmente, que mulheres pretas normalmente são arrimo de família. Trazer de fora de Brasília é muito difícil — desabafou Tebet a jornalistas.
Um levantamento do GLOBO, publicado em novembro do ano passado, mostrou que apesar de sinalizar apoio à pauta da diversidade, o governo Lula ainda não havia alterado o quadro de participação de homens e mulheres negros em postos de confiança na gestão federal, na comparação com seu antecessor, Jair Bolsonaro.
Em setembro de 2023, pretos e pardos somavam 37,9% dos 37,6 mil escolhidos para cargos comissionados executivos (CCE) e funções comissionadas executivas (FCE), que são aqueles distribuídos a critério do gestor, seja em livre nomeação ou exclusivamente para servidores. Em dezembro, no governo Bolsonaro, o segmento já era 37,3% do total e, em setembro de 2019, representava 34,5%.
Os números, contabilizados por meio de autodeclaração, foram levantados pelo GLOBO em estatísticas do Ministério da Gestão. Pretos e pardos são 56% da população brasileira, segundo o IBGE.
Oposição eleitoral
Também nesta quarta-feira, o presidente disse que enxerga quatro governadores como possíveis candidatos à Presidência em 2026 alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná).
— O bolsonarismo tem a possibilidade de ter quatro candidatos: tem o Tarcísio, governador do estado mais importante; tem o Zema, governador do segundo estado mais importante; tem o Caiado, que está se oferecendo todos os dias para ser candidato; e tem o Ratinho, no Paraná. Mas, sinceramente, não sei se serão candidatos — disse Lula em entrevista ao UOL.
Lula declarou, ainda, que deverá entrar em campo nas eleições municipais para emplacar aliados em cidades estratégicas, mas que não vai “participar da campanha como um todo” para “não atrapalhar a governança nacional”.
— Um partido é como time de futebol, tem época que você está na qualidade de um Real Madrid, tem época que você está na qualidade do Corinthians. Então, a depender do momento, você lança mais candidato ou menos candidato. Eu acho que a gente vai ter candidato nas cidades em que a gente tem perspectiva de disputar. algumas, com aliados importantes.