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segunda-feira 23 de janeiro de 2023 às 10:41h

E agora, prefeito (a)? Por Robson Wagner

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É praxe na política uma trégua na cobrança de resultados dos gestores nos 100 primeiros dias de uma administração municipal. E os prefeitos (as) que foram empossados em 2021 executaram, no primeiro ano de gestão, o orçamento do seu antecessor. Portanto, tiveram muitas limitações para executar projetos com o seu DNA.

E, diga-se de passagem, tiveram que enfrentar o ápice da pandemia da Covid-19. A prioridade era evitar óbitos e, portanto, as políticas públicas tinham como foco as áreas de saúde e sanitárias. Com a chegada das vacinas, tornaram-se muito mais baixos os internamentos em UTIs. E, graças a Deus, à ciência e a bravos profissionais, em especial na área da saúde, diminuíram vertiginosamente os falecimentos. E a pandemia não foi embora, mas o pior momento já passou.

E em 2022, prefeito, o orçamento já foi o seu. Entretanto, foi um ano pautado por uma das eleições mais polarizadas da história da nossa nação. Foi uma verdadeira guerra. Amizades se desfazendo, laços familiares se esgarçando devido a posições políticas antagônicas. Um país rachado, dividido. Rancor, mágoa, haters e brigas. Um ambiente hostil foi instalado no Brasil.

Um verdadeiro eclipse no conceito do “brasileiro cordial”, que foi desenvolvido pelo historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, na sua obra “Raízes do Brasil”, cuja primeira edição foi publicada em 1936.

Temos uma grande expectativa de que as animosidades serão minimizadas a partir do governo federal recém-instalado em Brasília. Está na hora de arregaçar as mangas e, independente de ideologia, credo, raça, partido político etc. trabalhar e torcer para que dê certo o projeto de uma grande nação.

Enfim, os alcaides ingressam neste início de ano na segunda metade de seus mandatos. E o foco da população estará neles. Até porque, como as eleições são uma pauta constante no nosso cotidiano e na imprensa, mesmo que distantes, as editorias de política da mass media estarão de olho nos players para o próximo pleito; a sucessão municipal em 2024.

Portanto, prefeitos e prefeitas, como diria o santo-amarense Assis Valente, “chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar o seu valor”. Caíram as cortinas de fumaça e a lua de mel com o eleitorado já acabou. E já deu mais do que tempo para os prefeitos e prefeitas, calouros ou não, entenderem como funciona a máquina pública.

Então, chefes dos executivos municipais, ou vossas excelências demonstram que o povo fez as escolhas corretas nas eleições de 2020 ou no pleito que se avizinha muitos e muitas sequer poderão sonhar com reeleição. Como a Bahia tem um muro baixo, temos a ciência que alguns gestores já sinalizam para interlocutores próximos que não vão concorrer nas eleições do segundo semestre de 2024.

Vai aí uma sugestão de quem presta serviços para as administrações públicas há mais de 25 anos: Comunique-se! Não serão exitosas as informações sobre as diversas áreas da gestão municipal para a população local (saúde, educação, mobilidade urbana, infraestrutura etc.) caso não haja um sistema de comunicação eficiente entre a Prefeitura e o cidadão. Afinal, quem ou o quê não é visto não é lembrado. São importantíssimos o planejamento, a produção e a entrega, por equipes de comunicação, de conteúdos que efetivamente alcancem o destinatário, ou seja, os munícipes.

Pois, muitos gestores incorrem no erro de só profissionalizar e se preocupar com uma exitosa comunicação investindo neste setor em épocas de pré-campanha e de campanha eleitoral. Contratam batalhões de blogueiros, radialistas populares, marqueteiros e profissionais das redes sociais. É o famoso “correr atrás do prejuízo”. Quando, na verdade, a comunicação de uma gestão pública deve ser perene. É só seguir o princípio da publicidade na administração da instituição.

Aí adentramos na questão da transparência dos poderes públicos, conforme preconiza a Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527). Sancionada em 18 de novembro de 2011, regulamenta o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas e é aplicável aos três poderes da União, estados, Distrito Federal e municípios.

E, obviamente, uma máquina de comunicação institucional eficiente deve contar, se possível, com o apoio de todo o corpo de servidores de uma gestão municipal. Não somente do esforço dos profissionais de comunicação. Informar o cidadão é também um dever do servidor. Creio que numa gestão só devem existir dois tipos de funcionários públicos. O que serve diretamente ao povo ou o quê ajuda a servir ao povo.

A começar pelo chamado primeiro escalão. No caso, os secretários. E aqueles famosos casos de chefes de pastas municipais que aparecem bem na foto e nas notícias na agenda positiva da sua secretaria e sobram para o prefeito só “pepinos”. Ou seja, pautas negativas. Deve ser feito justamente o contrário. Numa gestão municipal só há dois eleitos. O prefeito e o vice. Os secretários são nomeados num gesto de confiança do chefe do Executivo municipal. Devem “matar no peito” as pautas negativas junto à mídia com respostas e atos resolutivos, se possível, e, sempre, citar o prefeito nas pautas positivas.

Aí chegamos à necessidade de uma comunicação homogênea nas administrações municipais. Uma Prefeitura não pode ser composta por ilhas. Cada gestão municipal deve ser um continente com um discurso e identidade única e visível. Secretários das diversas pastas devem demandar sua agenda positiva para as secretarias de Comunicação ou às Ascom. E essas devem desenvolver um conteúdo homogêneo, dando uma feição única à gestão municipal.

Lembrando que a comunicação não faz “milagres”, mas é muito importante para “vender” as ações exitosas nas áreas de obras, saúde, assistência social, educação, mobilidade urbana etc. Os “milagres’’ (obras e ações) são realizados pelo gestor. Na verdade, nada mais é do que cumprir as propostas dos seus programas de governo assumidos perante a população. Pois as Secom, Ascom, agências, produtores de conteúdo e marqueteiros não são mágicos. Cabe a cada um o seu papel. O gestor e a gestora realizam e a Comunicação “vende”.

Portanto, vossas excelências, prefeitos e prefeitas, agora mais do que nunca, são os artistas principais. Pois, ao contrário do imaginado no dia da posse, nos idos de 2021, o tempo não para. E, para os distraídos, num Brasil que sempre antecipa eleições, já foi dada a largada para o pleito do próximo ano. Lembrem-se que a pauta “eleição” é permanente no Brasil. Mal acabou uma, a próxima já está na “vitrine”.

Abram-se as cortinas e liguem-se os refletores. É agora, prefeito(a)!

Por Robson Wagner é CEO da W4 Comunicação

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