Doutor Luizinho é a escolha de Lira para a liderança do PP

O secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, o deputado licenciado doutor Luizinho Teixeira (PP-RJ), deixará o cargo nos próximos dias e é o favorito segundo  Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro, do Valor, para assumir a liderança do PP na Câmara dos Deputados com a nomeação do atual líder, o deputado André Fufuca (PP-MA), para o Ministério do Esporte nesta quarta-feira. A escolha, feita a dedo pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), visa acomodar os diversos grupos do partido e manter a harmonia entre governistas e oposicionistas.

O líder é o representante dos interesses do partido junto ao governo e os outros partidos e atua na negociação dos principais projetos em pauta. A função esta mais esvaziada neste começo de legislatura, quando Republicanos, MDB, PSD e Podemos se uniram num bloco parlamentar para ter mais peso nas negociações e levaram Lira a costurar outro bloco com o restante dos partidos, com exceção de PT e PL. O bloco tem um líder próprio, que fala em nome de todas as siglas.

Luizinho foi chamado por Lira para dar mais peso ao PP nessas negociações. Fufuca tinha boa relação com o presidente da Câmara, mas era mais próximo do presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que adotou postura de oposição ao PT. Já Luizinho mantém boas relações tanto com políticos de oposição – está no governo do PL no Rio – como com os partidos governistas e do Centrão.

Fufuca assumirá o ministério, e o PP também negocia o comando da Caixa Econômica Federal, mas o partido segue dividido. A maioria dos deputados e senadores do Nordeste, Norte e Centro-Oeste tem apoiado os projetos do governo Lula (PT) no Congresso, mas diversos parlamentares do Sudeste e do Sul adotam postura de mais independência ou oposição ao PT em seus Estados.

A saída da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro faz com que parte da bancada acredite que Luizinho negociou com Lira um projeto maior, de se cacifar como alternativa para sucede-lo na presidência em 2025 caso o “plano A” – o líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA) – não se viabilize até a data da eleição.

Luizinho, contudo, tem negado essa possibilidade a deputados do PP e dito que assumirá com a missão de fazer a ponte entre Lira, Nogueira, o governo e a bancada. Também diz que o cargo pode projeta-lo nacionalmente a frente de discussões importantes para o país e ajuda-lo no projeto de concorrer à Prefeitura do Rio de Janeiro no próximo ano. A candidatura, hoje, ocorreria num campo oposto ao do PT, que tende a apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD). A cidade é a única capital no Sudeste em que o PP tem planos de lançar candidato a prefeito.

Além disso, o deputado licenciado recebeu do governador Cláudio Castro (PL) a garantia de que poderá nomear seu sucessor na secretaria e manter toda a estrutura montada na Saúde neste início de governo. A negociação passou também por Lira, que já convidou Castro a se filiar ao PP em meio aos embates do governador com as alas bolsonaristas do seu atual partido e trabalha para convencê-lo a apostar na candidatura do aliado.

Apesar das articulações de Lira para que Luizinho assuma a liderança da bancada num acordo para manter a coesão interna da sigla, o posto ainda pode passar por uma disputa. O cargo é daquele que obtiver o apoio da maioria da bancada de 49 deputados – o que pode ser demonstrado pelo maior número de aliados, mas também por votação, caso não fique claro o favoritismo de algum dos lados. Deputados como José Nelto (GO) e Mecinho Lucena (PB) conversaram com colegas sobre a expectativa de assumir o cargo. O grupo do deputado Dudu da Fonte (PE) também está interessado na vaga. A posse de Fufuca na Esplanada dos Ministérios foi negociada por meses, mas só foi confirmada na semana passada e ocorrerá nesta quarta-feira, o que destravará as negociações. Procurado, Luizinho preferiu não comentar.