Ao deixar a Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) atingiu o nível mais alto de reprovação a sua gestão na capital paulista. Nova pesquisa do Datafolha indica que dois a cada três moradores da cidade rejeitam a saída do tucano do cargo para concorrer ao governo estadual.
Levantamento realizado dias depois da renúncia de Doria mostra que 47% dos paulistanos consideram sua administração ruim ou péssima. Na pesquisa anterior, feita em novembro, esse índice era de 39%.
Nesse período, a parcela do eleitorado que classifica seu governo como ótimo ou bom caiu onze pontos percentuais, de 29% para 18%. É a menor taxa desde que o tucano assumiu a prefeitura, em janeiro de 2017.
O percentual de eleitores que aprovam o governo Doria despencou em todas as regiões e todos os segmentos de renda, idade e escolaridade.
A avaliação do tucano se degradou de maneira mais intensa entre moradores da zona oeste e entre eleitores com ensino superior completo e renda mais alta, grupos que sustentaram os melhores índices de popularidade de Doria no início de seu mandato.
No bloco de paulistanos com curso superior, a aprovação ao ex-prefeito caiu de 33%, em novembro, para 18%. O índice nesse segmento chegou a ser de 56% em abril de 2017, e era superior ao do eleitorado com níveis mais baixos de escolaridade. Agora, as taxas são similares em todos os grupos.
Entre moradores da zona oeste, Doria perdeu 20 pontos de aprovação: de 39% para 19%. A proporção de eleitores que classificam seu governo como ótimo ou bom também chegou a seus piores níveis no centro (23%), na zona norte (18%), na zona sul (20%) e na zona leste (14%).
O Datafolha ouviu 1.031 eleitores da cidade de São Paulo de quarta (11) a sexta-feira (13). A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
críticas na saída.
A maioria dos eleitores da capital reprova a saída do tucano da prefeitura, após um ano e três meses de mandato, para lançar sua candidatura ao governo de São Paulo. Para 66%, ele agiu mal ao renunciar no início deste mês. Outros 28% concordaram com a decisão e 6% não souberam responder.
Nesse ponto, Doria deixa o cargo em uma situação mais desconfortável do que a enfrentada por outro tucano que abdicou da administração municipal para se lançar ao Palácio dos Bandeirantes.
Em 2006, quando José Serra (PSDB) renunciou à prefeitura, os paulistanos se dividiram: 45% disseram que ele agiu mal e 46% afirmaram que ele agiu bem. O tucano se elegeu governador no primeiro turno. Seis anos mais tarde, enfrentou críticas e foi derrotado ao se candidatar novamente a prefeito.
O novo levantamento do Datafolha mostra que 77% do eleitorado paulistano acredita que Doria fez pela cidade menos do que o esperado. Já 13% afirmam que ele atendeu às expectativas.
Quase um terço dos eleitores soube responder que Bruno Covas (PSDB) é o substituto de Doria na prefeitura. Ele foi mencionado nominalmente por 25% dos entrevistados. Outros 3% citaram “neto do Covas” e 2% mencionaram apenas “Covas”.
No total, 27% dizem acreditar que o novo prefeito fará uma gestão ótima ou boa.
RETROSPECTO
Em comparação com outros ex-prefeitos de São Paulo, os 18% de popularidade de Doria se igualam ao percentual de aprovação de Fernando Haddad (PT) quando o petista completou tempo similar de mandato. Com um ano e seis meses de gestão, Haddad tinha avaliação positiva de 17% dos eleitores.
Na série do Datafolha, os índices da dupla superam apenas as taxas de Jânio Quadros e Celso Pitta, que tinham 9% em período equivalente.