Em reunião da bancada do PSD no Senado, com a presença de três ministros do partido e o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), integrantes da legenda manifestaram insatisfação com a articulação política do governo. Os parlamentares se queixaram da demora na liberação de cargos e também aproveitaram para criticar a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Após a reunião, segundo reportagem de Lauriberto Pompeu e Bruno Góes, do O Globo, o senador Otto Alencar (PSD-BA) falou sobre a contrariedade.
– É claro que todos aqueles que trabalham para o governo precisam também ter atenção do governo, atendendo sobretudo às suas reivindicações nos seus estados, de obras importantes, das posições políticas dentro dos estados. Até porque os estados têm lá os cargos do governo, todos senadores buscam isso, não é meu caso – declarou.
Apesar disso, Otto Alencar declarou que a demora para definir os postos é algo natural.
– Eu tenho certeza absoluta que o governo vai na hora certa decidir. É natural que o segundo e o terceiro escalão demore mais um pouco que o primeiro escalão, mas sempre existe por parte de um ou outro uma ansiedade – disse.
A legenda, que controla as pastas de Minas e Energia, Agricultura e Pesca, é fundamental para a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até agora, o petista não conta com uma base sólida no Congresso. Outras siglas que controlam ministérios, como o União Brasil, não garantem a adesão esperada pelo Planalto.
Além da cobrança dos cargos, os parlamentares reclamaram da disputa entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, filiado ao PSD, e integrantes do PT. Petistas têm demonstrado contrariedade com as indicações de Silveira para o Conselho de Administração da Petrobras. Gleisi chegou a cobrar o ministro publicamente e disse em entrevista ao “Metrópoles” que as escolhas dele seriam um “estelionato eleitoral”.
– Nós discutimos algumas demandas dos senadores e senadoras do PSD e tomamos a iniciativa de prestar solidariedade ao ministro Alexandre Silveira – afirmou o líder do partido no Senado.
De acordo com Otto Alencar, as críticas a Silveira não deveriam ser feitas publicamente, mas endereçadas a Lula ou ao ministro da Casa Civil, Rui Costa.
– Ele (Silveira) tem sido muito atacado por pessoas do próprio governo. Na nossa opinião, ao nosso sentir essas coisas devem ser tratadas internamente com o próprio presidente da República ou com o ministro da Casa Civil – declarou.
De acordo com o senador, Pacheco, que é aliado próximo de Silveira, saiu da reunião antes de os parlamentares manifestarem a contrariedade com o governo. Segundo participantes da reunião, o presidente do Senado conversou sobre assuntos internos da Casa, enquanto os correligionários dele trataram de outras demandas da bancada.
No início da conversa, Pacheco falou que está próximo de um acordo com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para restaurar o rito da tramitação de Medidas Provisórias. Desde a pandemia, os deputados passaram a analisar primeiro os textos das MPs, sem a necessidade de uma comissão mista (formada por deputados e senadores).
No início da Legislatura, Pacheco cobrou o retorno do procedimento previsto na Constituição, mas houve resistência da Câmara. Segundo aliados de Pacheco, a questão deve ser resolvida nos próximos dias, com a solução de impor um corte temporal para que novas MPs retornem à análise comissão mista. E outros que estão na fila da tramitação continuem com o rito antigo.