O dólar encerrou em forte queda de 2,71%, a R$ 5,755. Esta foi a maior perda percentual da moeda em apenas um dia desde 03 de outubro de 2022. Investidores acompanharam os desdobramentos de mais um capítulo da novela de ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump. No resto do mundo, a moeda americana tinha perdas frente 28 das 31 moedas mais líquidas do globo.
O Ibovespa subia 0,28%, a 123.146 pontos. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas, recuava 1,34%.
Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, afirma que a suspensão das tarifas de importação do México e Canadá às montadoras americanas foi “a cereja do bolo” para a queda do dólar nesta quarta-feira (5).
Na terça-feira (4), Trump seguiu em frente com seu plano tarifário e impôs taxas de 25% às importações dos países vizinhos. Além disso, o presidente também assinou ordem executiva que dobrou a tarifa de produtos chineses para 20%.
Entretanto, a Casa Branca informou hoje que as importações de automóveis do Canadá e do México ficarão isentas por um mês das tarifas impostas por Trump.
“Conversamos com as três grandes concessionárias de automóveis. Vamos conceder uma isenção de um mês para qualquer automóvel que venha através do USMCA (Acordo de Comércio da América do Norte)”, disse Trump em uma declaração lida pela porta-voz Karoline Leavitt. Essas concessionárias incluíam a Stellantis, a Ford e a General Motors.
Esta não é a primeira vez que Trump dá um passo atrás em sua guerra comercial. No início de fevereiro, o presidente americano adiou em um mês as tarifas impostas também ao Canadá e ao México.
Para Gomes, este novo episódio evidencia ainda mais a visão do mercado de que o republicano utiliza as tarifas como forma de barganha com os outros países.
— Cada vez mais ele vai perdendo a credibilidade de que as taxas serão impostas de maneira efetiva — afirma.
No entanto, o analista deixa claro que a permanência das alíquotas para outros produtos e para a China mantém o cenário de incertezas globais. Somado a isso, as retaliações promovidas pelos países também aumentam as tensões.
Após a confirmação das tarifas sobre importações de China, Canadá e México, nesta terça-feira, os governos dos três países anunciaram medidas em retaliação, acirrando a guerra comercial.
As primeiras foram divulgadas por Pequim. O país impôs tarifas de 10% e 15% sobre alimentos dos EUA, como soja, trigo, frango e carne bovina, e apertou o cerco sobre 15 empresas americanas, que irão precisar de permissão especial para comprar bens chineses. Outras dez tiveram suas exportações bloqueadas para a China. Já o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, instituiu uma taxação recíproca de 25% sobre os produtos americanos.