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sexta-feira 4 de março de 2022 às 06:48h

Dólar cai com alta do petróleo atraindo estrangeiros ao Brasil

ECONOMIA, NOTÍCIAS


Enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia provocava quedas nos principais mercados de ações globais na tarde desta última quinta-feira (3), a Bolsa de Valores do Brasil subia apoiada na valorização de alguns dos materiais básicos cuja oferta é prejudicada pelo conflito na Europa.

Às 14h20, o Ibovespa avançava 0,39%, a 115.629 pontos. Empresas como Petrobras, PetroRio, Vale e Gerdau eram as principais responsáveis pelos ganhos. Valorizações do petróleo, do minério de ferro e do aço explicam esse movimento.

O dólar recuava 1,01%, cotado R$ 5,0560. A desvalorização da divisa americana frente ao real era maior na abertura do pregão, quando a moeda estrangeira chegou à cotação mínima do dia, de R$ 5,0230.

O petróleo Brent, referência para essa matéria-prima, estava valendo US$ 112,74 (R$ 569,03) o barril, uma queda de 0,17%. A ligeira baixa desta quinta ocorria após uma valorização de 7,58% na véspera.

A Rússia é uma das principais produtoras globais de petróleo e gás natural. A crise atual consolidou o preço da matéria-prima no maior patamar desde 2014, ocasião em que a disparada ocorreu após o presidente russo Vladimir Putin ter decido invadir a Crimeia, península ao sul da Ucrânia.

Na China, a guerra gera expectativa de aumento da demanda pelo aço produzido no país. Parte da matéria-prima para isso é o minério de ferro brasileiro, cujo valor dos contratos subiu 3,69% nesta quinta.

Com esse novo impulso das commodities, os mercados de câmbio e de ações voltam a refletir a entrada de investidores estrangeiros no país. Eles buscam oportunidades de ganhos comprando ativos com grande potencial de valorização.

No primeiro bimestre de 2022, o saldo de aplicações de estrangeiros na Bolsa alcançou R$ 62,6 bilhões. O crescimento é de 130% em relação aos R$ 27,2 bilhões do mesmo período de 2021.

Fundos e instituições financeiras que permitem a investidores de outras nacionalidades aplicar no Brasil têm grande importância no mercado acionário doméstico. Representam 53% do volume negociado. É seguramente deles a maior fatia do bolo. Instituições brasileiras representam 26%. Investidores individuais (pessoas físicas) são 16%.

Antes do início da guerra, o Brasil já despontava como um destino atraente para estrangeiros em busca de lucros rápidos, enquanto bolsas dos principais mercados estavam devolvendo ganhos obtidos em anos anteriores.

Países desenvolvidos se preparam para elevar juros para tentar frear uma inflação global provocada pela desorganização das cadeias de abastecimento durante a pandemia. Taxa de juros alta tira dinheiro do mercado de ações e o atrai para títulos de dívidas de países, principalmente os do Tesouro dos Estados Unidos.

Enquanto os juros por lá não sobem o suficiente –a alta nos EUA deve começar este mês, quando a taxa sairá do zero para avançar algo entre 0,25 e 0,50 ponto percentual- países de economia emergente são opções para ganhos momentâneos.

O efeito da guerra sobre as commodities também impulsiona outros mercados da América Latina, disse à Reuters o analista sênior Ricardo Evangelista, da ActivTrades. “Neste cenário, há margem para novas altas de preços”, comentou, em referência à alta do petróleo.

Sanções impostas pelos Estados Unidos e aliados aos fluxos financeiros dos grandes bancos, empresas e oligarcas russos beneficiam, neste primeiro momento, países em condições de atender ao aumento da demanda de materiais produzidos por Rússia e Ucrânia. Vantagens com prazo de validade curto, alerta Nicola Tingas, consultor econômico da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).

“Haverá impacto inflacionário [no Brasil] em energia, choque de oferta de fertilizantes, alta de milho, trigo, soja, que afetam preço de proteínas”, comentou.

No exterior, os mercados estavam voláteis enquanto investidores tateavam os efeitos das punições econômicas impostas à Rússia.

Depois de uma abertura em alta, os principais índices de ações dos Estados Unidos perdiam força. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq cediam 0,15%, 0,47% e 0,95%, nessa ordem.

Bolsas da Europa mergulharam no pessimismo. Londres, Paris e Frankfurt, as mais importantes da região, fecharam com perdas de 2,57%, 1,84% e 2,16%, respectivamente.

Na Ásia, o principal índice da China, que reúne empresas de Xangai e Shenzhen, caiu 0,59%. O mercado acionário de Tóquio avançou 0,70%. Hong Kong subiu 0,55%.

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