O dólar à vista recuava ante o real nesta sexta-feira (14) a caminho da sétima queda semanal consecutiva, à medida que investidores demonstravam alívio com o fato de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não ter imposto ainda tarifas de importação recíprocas aos seus parceiros comerciais em aguardado anúncio na quinta-feira.
Às 11h05, o dólar à vista caía 0,65%, a R$5,727 na venda. Na semana, a moeda acumula baixa ao redor de 1%. Na véspera fechou a R$ 5,7679. Já o Ibovespa tem alta. Veja Cotações.
Trump detalhou na quinta-feira um roteiro para aplicar tarifas recíprocas contra qualquer país que imponha taxas contra as importações norte-americanas, após vários dias prometendo o anúncio das medidas.
No entanto, o anúncio de Trump foi mais uma orientação para que sua equipe comercial e econômica estude as tarifas e outras barreiras comerciais impostas sobre os EUA, sem a apresentação de nenhuma medida recíproca específica.
Os mercados entenderam que o posicionamento de Trump abriu espaço para negociações e acordos com os países na mira dos EUA, o que possibilita que as tarifas recíprocas a serem anunciadas à frente podem ser mais moderadas do que o esperado ou até mesmo nem ocorrerem.
Uma vez que muitos investidores vinham precificando um anúncio mais agressivo por parte de Trump, o dólar recuava ante vários pares nesta quinta, perdendo ante o real, o rand sul-africano e o peso mexicano.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,12%, a 106,960.
A avaliação de analistas é que a implementação de tarifas pelos EUA pode gerar uma guerra comercial global e elevar os preços de diversos produtos, principalmente nos EUA, o que favorece o dólar, devido à necessidade de que o Federal Reserve mantenha a taxa de juros elevada para conter a inflação.
O movimento desta sessão também vem na esteira de uma ampla desvalorização do dólar no mundo todo, uma vez que, no geral, agentes financeiros têm concluído que as ameaças tarifárias de Trump são mais uma tática de negociação do que um plano concreto.
Após várias ameaças desde a campanha eleitoral, a única tarifa que já entrou em vigor foi a taxa de 10% sobre produtos da China.
“Existe uma percepção entre os operadores que Trump tem adotado uma postura mais flexível e menos agressiva do que se esperava na questão das tarifas, visto que a retórica durante a campanha eleitoral foi bastante firme”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
No Brasil, o dólar tem passado ainda por um processo de desvalorização ainda maior, após a moeda norte-americana acumular fortes ganhos no fim do ano passado devido a temores do mercado com o cenário fiscal brasileiro.
Em 2025, a divisa dos EUA acumula queda de 7,2% até o momento.
O cenário doméstico tem sido marcado justamente por falta de notícias sobre a questão fiscal nas semanas recentes, mas investidores têm demonstrado receios com a trajetória da inflação, que encerrou 2024 acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central e parece estar a caminho de repetir o feito neste ano.
A meta perseguida pelo BC tem centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Neste pregão, o mercado ainda avaliava comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que o crescimento econômico brasileiro voltará a surpreender os analistas neste ano e afirmou que, na economia, é necessário “fazer o óbvio” e que não “inventará” nesta área.