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segunda-feira 10 de março de 2025 às 16:31h

Dólar atinge R$ 5,84 com foco na economia dos EUA; Ibovespa recua

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O dólar à vista opera em alta na tarde desta segunda-feira (10) após rondar a estabilidade frente ao real ao longo da manhã. Investidores demonstram aversão ao risco diante dos temores de que a economia dos Estados Unidos esteja desacelerando, um cenário que poderia piorar mais com a implementação de tarifas.

Às 15h41, o dólar à vista subia 0,90%, a R$ 5,84 na venda.

Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,51%, a R$ 5,7892, mas acumulou baixa semanal de 2,15%.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,94%, a R$5,868 na venda.

Neste pregão, os mercados globais acirravam as preocupações com a economia norte-americana, na esteira de dados e resultados de pesquisas recentes que vieram mais fracos do que o esperado e de maiores incertezas sobre os planos tarifários — e seus impactos — do presidente dos EUA, Donald Trump.

Na sexta-feira, o relatório de emprego de fevereiro já havia acendido um alerta entre investidores, com os EUA registrando a criação de 151.000 postos de trabalho no mês passado, de 125.000 vagas em janeiro, em dado revisado para baixo. Em pesquisa da Reuters, havia previsão de abertura de 160.000 empregos.

Os agentes financeiros também vinham demonstrando pessimismo com várias pesquisas recentes que relataram uma deterioração da confiança e das perspectivas econômicas de consumidores e empresários, em meio às crescentes tensões comerciais provocadas pelas ameaças tarifárias de Trump.

Mas foram comentários de Trump no fim de semana que confirmaram de vez o pessimismo dos mercados, gerando a aversão ao risco observada nesta sessão.

Em entrevista concedida à Fox News, que foi ao ar no domingo, Trump se recusou a prever se os EUA podem passar por uma recessão devido ao impacto de suas prometidas tarifas sobre Canadá, México e China.

Ele também afirmou que o país passará por um “período de transição” devido às ações que seu governo está tomando, mas disse acreditar que as consequências serão positivas no final.

A demonstração de incerteza pelo próprio presidente em relação aos impactos de suas medidas comerciais agitava os mercados nesta segunda, com investidores temendo o pior pela economia norte-americana caso tarifas sejam amplamente aplicadas em meio a uma atividade econômica em desaceleração.

Com isso, o dólar disparava ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

As moedas emergentes e os ativos de risco em geral estão sendo liquidados diante da possibilidade de recessão nos EUA. Junto à fragilidade das questões domésticas, o real se destaca como uma das alternativas mais vulneráveis em períodos de estresse”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,31%, a 103,990.

Agentes financeiros ainda demonstram cautela ao tentar projetar os próximos passos do Federal Reserve em seu ciclo de afrouxamento monetário.

Na sexta-feira, em discurso em uma conferência, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central será cauteloso para ter certeza de que sabe o que está acontecendo no país, sem necessidade de apressar qualquer corte nos juros.

Operadores continuam apostando em três cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, com a retomada das reduções prevista para junho.

Já no cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O governo anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.

Na frente de dados, os mercados analisarão nesta semana dados de inflação ao consumidor tanto nos EUA como no Brasil, com a divulgação de ambos na quarta-feira.

Ibovespa

Às 11h11, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 1,02%, a 123.753,48 pontos. O volume financeiro somava R$3,29 bilhões.

Na visão da equipe do BB Investimentos, olhando o gráfico diário, o Ibovespa ainda precisa romper novamente a resistência de sua média móvel de 200 dias, atualmente em 127,3 mil pontos, para reingressar no canal de alta de curto prazo, conforme relatório enviado a clientes nesta segunda-feira.

“Essa falta de tendência aponta para uma indefinição no curtíssimo prazo, com acentuada volatilidade, lembrando que as últimas formações gráficas como a da sessão da última sexta foram seguidas por períodos de realização”, pontuaram.

Os analistas também pontuaram que, com temporada de resultados do quarto trimestre “neutra até o momento” e com os analistas calibrando marginalmente as expectativas de resultados para 2025, o desempenho de curtíssimo prazo guarda mais relação com a volatilidade da curva de juros no Brasil.

Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, recuava 1,76%, após comentários do presidente Donald Trump no fim de semana alimentarem preocupações de que uma guerra comercial pode desencadear uma desaceleração econômica.

Após o “respiro” no Carnaval, a temporada de resultados no Brasil retoma o fôlego nesta semana, com Azzas 2154, Cogna, SLC Agrícola, Eletrobras, LWSA, CSN, Magazine Luiza, Natura&Co, Prio, entre outros.

A partir desta segunda-feira, o mercado de ações à vista na B3 passa a fechar uma hora mais cedo em razão do início do horário de verão nos EUA. A negociação começa às 10h e acaba às 16h55, com o call de fechamento ocorrendo das 16h55 às 17h. O after-market tem início às 17h30 e termina às 18h.

Destaques

– CAIXA SEGURIDADE ON recuava 3,38%, após registrar oferta subsequente de ações que incluirá uma venda secundária de papéis detidos pela controladora, a Caixa Econômica Federal. A empresa disse que a oferta consistirá na venda de 82,5 milhões de ações ordinárias — cerca de R$1,32 bilhão considerando a cotação de fechamento da última sexta-feira — e será precificada em 19 de março.

– CEMIG PN perdia 3,35%, tendo como pano de fundo amplo relatório do JPMorgan sobre ações de “utilities”, no qual cortou a ação de “overweight” para “underweight”. Ainda no setor, AUREN ENERGIA ON, que também foi rebaixada a “underweight” pelos analistas do banco, caía 2,48%. Na contramão, ENEVA ON e CPFL ENERGIA ON, que passaram a “overweight”, subiam 1,24% e 1,17%, respectivamente.

– VALE ON perdia 1,8%, acompanhando os futuros do minério de ferro na China, em meio a receios com as tarifas dos EUA e a promessa da China de cortar a produção de aço bruto. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com queda de 0,71%, a 769 iuanes (US$105,92) a tonelada. A ação também ficou ex-dividendo a partir desta segunda-feira.

– PETROBRAS PN cedia 1,56%, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era negociado a US$69,94, decréscimo de 0,6%. A estatal anunciou na sexta-feira acordo para encerrar litígio com a EIG Energy nos EUA, em que pagará US$283 milhões. O BTG Pactual reiterou compra para os papéis, mas ponderou que dados de investimentos devem aumento ceticismo.

– BRADESCO PN era negociada em baixa de 2,05%, em sessão negativa para bancos. ITAÚ ON caía 0,8%, BANCO DO BRASIL ON perdia 1,35% e SANTANDER BRASIL UNIT declinava 1,62%. O índice do setor financeiro na bolsa recuava 1,6%, pressionado também por B3 ON, em queda de 2,71%.

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