Empresa vai divulgar nesta quarta-feira os resultados relativos ao quarto trimestre, e expectativa do mercado é de mais um lucro bilionário, na faixa dos R$ 40 bi
Os dividendos pagos aos acionistas da Petrobras, relativos ao ano de 2022, devem passar segundo previsão de analista afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo, da casa dos R$ 200 bilhões. Até o terceiro trimestre, os dividendos pagos já chegavam a quase R$ 180 bilhões. Nesta quarta-feira (1°) a petroleira vai divulgar os números do seu balanço relativos ao quarto trimestre, e espera-se mais um lucro expressivo, na faixa dos R$ 40 bilhões. Com isso, segundo analistas, os dividendos relativos aos três últimos meses do ano podem chegar aos R$ 30 bilhões. Mas os especialistas dizem que há também uma pequena chance de não haver pagamento de dividendos, por pressões políticas.
A proposta da nova distribuição bilionária de dividendos será discutida hoje, em reunião do conselho de administração da empresa. Mas esse ponto chega em um momento delicado, em que a empresa sofre pressão, principalmente de políticos ligados ao PT, para ampliar investimentos e, assim, ajudar na recuperação econômica do País. “Agora é (hora de) rever a indecente distribuição de dividendos da empresa para ela voltar a investir e fazer o Brasil crescer”, escreveu na terça-feira, 28, no Twitter a presidente do PT, Gleisi Hoffman.
A forte distribuição de dividendos, no entanto, tem como principal beneficiado o próprio governo. A União é dona de uma fatia de 28,67% da companhia, enquanto BNDES e BNDESPar detêm outros 8%. Durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, por exemplo, a empresa injetou nos cofres públicos mais de R$ 500 bilhões, por meio de pagamentos de dividendos e dos impostos e royalties.
Em entrevista ao Estadão no ano passado, o ex-presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, disse que “a contribuição da Petrobras é quando se torna uma empresa saudável e gera recursos, que repassa para a União na forma de tributos”. Segundo ele, a empresa não pode fazer política pública, seu papel é colocar recursos na mão de quem pode fazer – o governo, no caso.
Distribuição robusta
Relativamente ao exercício de 2021, a Petrobras distribuiu R$ 101,39 bilhões aos acionistas, em parcelas pagas em agosto e dezembro daquele ano, além de residual repassado em 2022. Com relação ao exercício de 2022, a companhia já pagou R$ 179,9 bilhões.
Para o quarto trimestre, os analistas do Credit Suisse disseram acreditar que a companhia deve distribuir uma soma de US$ 5 bilhões, ou cerca de R$ 26 bilhões na cotação atual do dólar. A instituição observa que esse montante previsto seria menor que os resultantes da prática recente de distribuir toda a geração de caixa livre da empresa.
Mas a distribuição de dividendos deverá ser aprovada pela direção da empresa, pelo Conselho de Administração e pelos acionistas na reunião geral anual. “Reconhecemos o risco de que essa distribuição não seja aprovada e que a Petrobras possa eventualmente anunciar pouco ou nenhum dividendo a partir dos resultados do quarto trimestre. Mas este não é o nosso cenário de base”, afirmam.
Para o BTG Pactual, também existem dúvidas em relação à distribuição de proventos relativos ao quarto trimestre – após pagamentos bilionários nos trimestres anteriores. O banco observa que o novo governo já mostrou inclinação para reduzir os proventos.
“O fato de já ter pago o suficiente para cumprir sua política de pagamento atual com base nos resultados de 2022, também pode reduzir a disposição da administração de pagar mais”, afirmaram os analistas do BTG Pedro Soares e Thiago Duarte. Mesmo assim, ele apostam que a atual política será mantida no quarto trimestre e estimam um pagamento em torno dos R$ 30 bilhões.
O Itaú também aguarda o anúncio dos dividendos, estimados em cerca de R$ 30 bilhões, mas destaca que em 2022 a empresa já pagou mais do que o normal, e por isso poderia optar por não pagar qualquer dividendo referente ao último trimestre.
A gestão anterior da Petrobras, que ainda tem diretores na companhia em função da transição, vinha usando como justificativa para os pagamentos os termos de sua política de dividendos previamente definida: em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a companhia pode direcionar aos acionistas até 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos)