A dívida pública bruta do Brasil teve em outubro mais um mês de redução, afetada principalmente pelo crescimento nominal da atividade, mostraram dados do Banco Central na quarta-feira (29).
O indicador caiu a 76,8% do PIB em outubro de 77,1% em setembro, menor patamar desde fevereiro de 2020 (75,3%), antes de a pandemia atingir o país e o governo federal gastar somas recordes para combatê-la.
A queda do endividamento bruto foi determinada principalmente pelo efeito do crescimento do PIB nominal, que contribuiu para uma redução de 0,7 ponto percentual na relação, segundo o BC. A alta nominal do PIB é guiada pela força da atividade, mas é também afetada pela inflação.
A queda da dívida também foi ajudada pelo resgates líquidos de dívida no mês, em mais um mês em que o Tesouro manteve sua estratégia de usar seu colchão de liquidez para reduzir a emissão de dívida conforme a taxa de juros segue em patamar alto, o que encarece os custos de financiamento.
No acumulado do ano, a dívida bruta tem queda de 3,5 pontos percentuais, disse o banco central. O Ministério da Economia recentemente estimou que o país fechará o ano com a dívida bruta de 74,3% do PIB, menor nível desde 2018.
O Tesouro tem defendido que o Brasil irá entregar com isso uma performance “expressiva”, citando dados do FMI para dizer que os países emergentes devem ver a dívida bruta subir, em média, 10,6 pontos este ano na comparação com 2019.
Já a dívida líquida, que engloba também os ativos do governo, ficou estável em 58,3% do PIB no mês passado, com a valorização cambial contribuindo para uma redução do valor em reais das reservas internacionais do país. No ano a dívida líquida sobe 1,1 ponto percentual como proporção do PIB.
Em outubro, o setor público registrou um superávit primário de 27,095 bilhões de reais, acima dos 26,1 bilhões de reais esperados por analistas em pesquisa da Reuters.
O saldo positivo foi inferior ao superávit de 35,4 bilhões de reais computado em outubro de 2021. No mês passado, o superávit de 30,2 bilhões de reais registrado pelo governo central foi parcialmente compensado por um déficit de 3,9 bilhões de reais dos Estados e municípios, com as estatais contribuindo com um saldo positivo de 711 milhões de reais.