Com a resistência do MDB em ceder nas alianças regionais, o PSDB decidiu reduzir o empenho na pré-campanha presidencial da emedebista Simone Tebet. Um dos sinais foi a desmobilização do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), provável vice na chapa que deverá unir os dois partidos. A aliança do autointitulado “centro democrático” conta com a contribuição do tucano principalmente na área de comunicação, a mesma na qual ele atuou nas campanhas vitoriosas de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998.
Em meio às negociações da pré-campanha, Tasso viajou com a família para a Europa na última semana — o senador havia se comprometido a fazer a viagem com o neto há mais de um ano. De maneira informal, porém, a direção do PSDB baixou uma orientação para segurar o apoio explícito à emedebista enquanto não viessem as contrapartidas do MDB. A principal delas é a retirada de candidatura própria no Rio Grande do Sul e o apoio ao ex-governador tucano Eduardo Leite. Nesse clima, reservadamente, tucanos dizem que “o MDB não entrega o sul, o PSDB não entrega a vice”.
Antes de viajar para o exterior, sem alarde, Tasso teve uma rodada de conversas com líderes regionais do MDB e PSDB para tentar destravar as alianças nos estados. Em 8 de julho, desembarcou no Recife para almoçar com o senador Jarbas Vasconcelos, cacique do MDB local. Também telefonou para o ex-senador Pedro Simon, de quem os emedebistas gaúchos esperam a palavra final sobre ter ou não candidatura própria. Jarbas e Simon são entusiastas da campanha de Tebet, mas contrários à aliança com o PSDB em seus redutos.
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De algumas das lideranças políticas com quem conversou, ele ouviu o diagnóstico pessimista de que o cenário para a senadora é cada vez mais adverso e que ela terá dificuldades para conseguir palanques, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Se nos bastidores Tasso se manteve ativo, ele se absteve nos eventos públicos. Segundo a direção do MDB, Tasso almoçou com Tebet antes de viajar e pediu desculpas pelas ausências.
Interlocutores recentes de Tasso, sob a condição de anonimato, aventam a possibilidade de o senador desistir de ocupar a vice da emedebista. Apesar de aparecer à frente nas pesquisas eleitorais no Ceará, ele não quis concorrer à reeleição ao Senado, por exemplo. A desistência da aposentadoria teria ocorrido justamente para integrar a chapa presidencial, mas ele ainda não bateu o martelo definitivamente.
Perguntado se estava mantido o plano de compor com a senadora, Tasso respondeu ao GLOBO por meio de uma mensagem curta:
“Estou sem informação durante toda essa semana. Essa discussão (ocorrerá) somente na próxima semana.”
“Ele já conquistou tudo o que podia. Estava pronto a sair de cena, mas se entusiasmou em ajudar na campanha da senadora”, disse o ex-senador José Aníbal (PSDB-SP), que conversou com Tasso na quinta-feira.
A sinalização dúbia levou a equipe de Tebet a traçar um plano B para a vaga de vice, caso o tucano desista. Segundo a colunista do jornal O Globo, Bela Megale, a parlamentar chegou a dizer ao senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) que “seria um prazer tê-lo” como vice, se as negociações com o PSDB atolarem.
Além de Oriovisto, é citada também a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) como possível vice. Na cúpula do MDB, a expectativa é que a definição no Rio Grande do Sul saia nos próximos dias e que, com isso, Tasso embarque de vez na campanha — na semana passada, uma reunião do MDB estadual com o presidente Baleia Rossi aprovou um “indicativo” de apoio.
PSDB e MDB também deram alguns passos em direção ao entendimento no Sul e reacenderam a expectativa de que Tasso possa entrar de vez na disputa. Aliados esperam que, uma vez confirmado como vice, ele apareça mais, num papel semelhante ao exercido por Geraldo Alckmin, vice do ex-presidente Lula.