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Disputa Ciro-Haddad se acirra na Região Nordeste por voto ‘lulista’

sábado 15 de setembro de 2018 às 14:03h

A Região Nordeste, onde vive um em cada quatro eleitores brasileiros, é, neste momento, o principal palco da disputa entre Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes  (PDT) pelo espólio lulista e por uma vaga no segundo turno da disputa presidencial nas eleições 2018. A batalha entre o petista e o pedetista se acirrou nas mais recentes pesquisas, lideradas por Jair Bolsonaro (PSL).

Nos Estados nordestinos, o confronto Ciro-Haddad alcança seu nível mais elevado na comparação com outras regiões. Enquanto o candidato do PT conta com a transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso e condenado na Lava Jato –, a campanha de Ciro acredita que poderá frear essa transmissão.

O principal trunfo de Ciro é o forte apoio de que desfruta no Ceará, Estado que já governou e cuja máquina é controlada por seu irmão, Cid Gomes, candidato ao Senado pelo PDT. Apesar de ser petista, o atual governador, Camilo Santana, é afilhado político dos irmãos Gomes e apoia Ciro.

O crescimento de Ciro vinha sendo impulsionado principalmente pelo desempenho no Nordeste. Mas, desde que foi oficializado como candidato do PT à Presidência, no início desta semana, Haddad alcançou índices que o deixam em empate técnico no segundo lugar com adversários.

Conforme o Ibope mais recente, divulgado nesta terça-feira, 11, 38% dos nordestinos afirmaram que votariam “com certeza” em Haddad ao ser informados de que ele tem o apoio do ex-presidente. Naquele momento, o petista tinha 13% das preferências no Nordeste, ante 18% de Ciro.

Já a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14) mostrou que Haddad cresceu de 11% para 20% no Nordeste e Ciro oscilou para baixo, de 20% para 18%.

A campanha de Ciro estabeleceu como estratégia nos Estados nordestinos poupar Lula, apresentar Haddad como o candidato paulista da presidente cassada Dilma Rousseff e atacar o PT. Com a ausência de Lula, analistas avaliam que o potencial de crescimento de Ciro no Nordeste seria hoje maior do que em outras eleições. Mesmo que não exista garantia de que conseguirá a maioria dos votos na região, o pedetista teria a seu favor o fato de ser mais conhecido pelos eleitores nordestinos.

Interesses locais

 A disputa colocou em campos opostos políticos das duas siglas que estão alinhados nas disputas estaduais. No Nordeste, PDT e PT estão juntos em Alagoas (onde estão na chapa de Renan Filho, do MDB), Ceará, (com Camilo Santana, do PT), Bahia (com Rui Costa, do PT), Maranhão, (com Flávio Dino, do PCdoB) e Paraíba (com Ricardo Coutinho, do PSB). O arranjos locais, porém, representam obstáculos nas táticas de disputa entre Haddad e Ciro por votos nordestinos.

Na Bahia, um dos poucos Estados nordestinos onde Ciro ainda não visitou durante a campanha eleitoral deste ano, o PDT, partido dele, está na base do governador Rui Costa (PT), que tenta a reeleição. Nesse caso, Haddad é quem leva vantagem sobre Ciro, porque o governador está afinado com a estratégia nacional do PT.

Os pedetistas ocupam duas secretarias na administração estadual: Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura e Administração Penitenciária e Ressocialização. Nos materiais de campanha e na propaganda eleitoral no rádio e na TV, candidatos a deputado estadual e deputado federal do PDT baiano têm exibido a imagem de Ciro.

“Uma coisa é o Lula, outra completamente diferente é o Haddad. Não são a mesma pessoa”, disse Félix Mendonça Jr., presidente do PDT baiano.

Em Pernambuco, Maurício Rands, candidato ao governo pelo PROS – partido da base de Haddad –, declarou apoio a Ciro. O PDT está em sua aliança.

Como principal cabo eleitoral do presidenciável no Estado, Rands tem direcionado seus discursos para o eleitorado petista com o objetivo de impedir a transferência de votos lulistas para o ex-prefeito de São Paulo. “Os valores de justiça social não são monopólio do Lula ou do seu partido. Nós e o Ciro também representamos esses valores”, disse Rands.

O Nordeste possui pouco mais de 39 milhões de eleitores, o que representa 26,6% do total no País.

 

Por Daniel Bramati e Pedro venceslau

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