Responsável por 28,3% do Produto Interno Bruto (PIB) regional, a indústria na Bahia é a 7ª economia do país, a maior do Nordeste. Com um Valor da Transformação Industrial (VTI) superior a R$ 52,6 bilhões, representa conforme reportame de Kirk Moreno, do Alô Alô Bahia, quase 40% de toda produção da região brasileira – 9% maior que a soma do que é produzido pelo setor nos estados de Pernambuco e Ceará, que juntos alcançam VTI de R$ 48,2 bilhões. O estado ocupa ainda o 8º lugar no ranking industrial brasileiro e o 7º da indústria de transformação.
De acordo com dados da Federação das Indústrias do estado (FIEB), todo o conjunto do setor industrial baiano (Indústria de Transformação, Construção, Extrativa e Serviços Industriais de Utilidade Pública) é responsável por mais da metade da arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da Bahia e emprega diretamente 437 mil trabalhadores com carteira assinada, gerando uma massa salarial anual superior a R$ 10 bilhões.
Investimentos no estado
A Bahia, de acordo com a FIEB, reúne excelentes condições para o desenvolvimento da indústria, com destaque para o potencial de produção de energia limpa dos parques eólicos e solares e hidrogênio verde. A descarbonização é o futuro. De acordo com as metas do Acordo de Paris, será necessário cortar em 60% as emissões de dióxido de carbono até 2050.
A passagem para uma produção de energia mais limpa abre uma grande oportunidade econômica, de cerca de US$ 20 bilhões, que deve ser explorada pela Bahia. “Para 2024, alguns investimentos relevantes estão para acontecer, apontando para uma paulatina evolução da indústria baiana”, ressalta Vladson Menezes, superintendente da FIEB.
A Acelen, por exemplo, já havia anunciado segundo Kirk Moreno, do Alô Alô Bahia, a primeira fábrica brasileira de hidrogênio e amônia verde (H₂V), construída pela Unigel, com previsão de investimento de US$ 1,5 bilhão até 2027. As operações da marca devem começar ainda no fim deste ano em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Há também a BYD, que anunciou a intenção de investir R$ 3 bilhões na construção de uma fábrica de veículos elétricos.
“Outros investimentos que devem ocorrer estão na mineração. Segundo apuração do Instituto Brasileiro de Mineração, a Bahia registra o maior montante do país de investimentos em andamento e previstos em mineração para o período 2020 a 2024: em torno de US$ 13 bilhões, o que equivale a 35% do total do Brasil”, completa Vladson Menezes.
Dificuldades
A indústria precisa superar algumas dificuldades para aproveitar as oportunidades. Os principais desafios para as empresas, de acordo com a FIEB, são de ordem estrutural: falta de infraestrutura adequada e com custos competitivos, oferta de mão de obra qualificada, elevado custo do capital, insegurança jurídica e excesso de burocracia, que causam danos enormes ao ambiente de negócios no Brasil.
A Bahia está inserida nesse panorama nacional de fraquezas competitivas. Vladson Menezes conta que,além disso, o estado também sofre com a distância em relação aos mercados mais relevantes do país (Sul e Sudeste) e pelo grau de deficiência na infraestrutura do estado, sobretudo nos campos da logística e energia.
“Não temos ainda uma ferrovia competitiva, posto que a Ferrovia Centro Atlântica, cuja concessão deve ser devolvida no trecho baiano, apresenta-se extremamente precária. A FIOL, para que se integre à FICO e seja um corredor de transporte relevante, ainda precisa avançar muito. Por outro lado, mesmo no plano regulatório estadual, questões como a alienação de imóveis nos distritos industriais, dentre outras, precisam ser melhor endereçados”, finaliza o superintendente da FIEB.