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quarta-feira 8 de julho de 2020 às 17:58h

Dezenas de políticos e empresários apavorados fazem corrida a hospitais de Brasília, diz programa de rádio

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O novo coronavírus atinge o coração do poder e provoca pânico entre as excelências. O resultado positivo para Covid-19 de Jair Bolsonaro leva mais de 40 – entre deputados, senadores, 10 ministros e empresários – aos hospitais para exames e testes.

Segundo ao programa da rádio Jovem Pan, o embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, entrou no pânico e chegou a ficar em isolamento, mas o resultado do exame dele foi negativo. O movimento foi tão intenso que chegou a paralisar as agendas em Brasília. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, também decidiu procurar um médico para solicitar o exame – ele esteve com o presidente. Assessores no Palácio do Planalto e seguranças também se isolaram das famílias à espera do resultado. Não foi diferente com a primeira dama: Michelle Bolsonaro, que está com a avó hospitalizada em virtude dos sintomas graves da Covid-19, também decidiu fazer o teste. Tomou a mesma providência para filhos e funcionários do Palácio.

Um tumulto que, para o presidente, não tem razão de ser. Ele tentou acalmar a todos e foi convencido a não trabalhar e a seguir todos os protocolos médicos. No início da pandemia, quando o Brasil trazia os brasileiros que estavam retidos na China, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, em comum acordo com o então ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, decidiram fazer uma legislação dura sobre a quarentena. Era preciso ter garantia legal caso algum dos passageiros tentasse sair da quarentena na Base Aérea de Anápolis. Os 58 repatriados, inclusive crianças, foram obrigados a permanecer isolados graças a esta legislação – aprovada rapidamente na Câmara e Senado e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Crime: conhecedor da condição de contaminado não cumprir o isolamento. A lei garante poder à polícia de reter pessoas nesta condição. O debate sobre os direitos individuais foi vencido pelos agentes públicos. O direito da coletividade e ameaça à saúde pública são superiores ao direito do infectado “em sair por aí contaminando outras pessoas”, segundo argumentou o então ministro Moro.

O presidente adotou só agora o que já é normal em empresas, Congresso, Supremo e nas repartições públicas: a reunião remota. Técnicos da Presidência instalaram, no Palácio da Alvorada, equipamento prático para o presidente realizar reuniões ministeriais e encontros remotos como se estivesse no seu gabinete. Outra decisão é de não transferir a presidência para o vice-presidente Hamilton Mourão. Pela fala do presidente, não há o que se arrepender das posturas anteriores, afirmou que está tomando a polêmica hidroxicloroquina e garantiu que se sente bem.

Tinha razão quem se preocupou em controlar o presidente. Pelo menos quatro ações foram registradas. Numa delas, o deputado Marcelo Freixo, do PSOL do Rio de Janeiro, diz desejar pronto restabelecimento do presidente, mas quer processá-lo porque ele tirou a máscara para dar entrevista. “Colocou em risco outras pessoas”, disse o deputado. Outra ação quer oficialmente cópia do resultado do exame, que já foi disponibilizada.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, ABI, Paulo Jeronimo, pelo mesmo motivo, foi ao Supremo e apresentou notícia crime. O vírus sempre rondou o Palácio. Pelo menos 23 integrantes da comitiva presidencial foram contaminados provavelmente na aeronave oficial, durante a viagem aos Estados Unidos, no começo da pandemia. Neste contexto, o presidente tinha certeza de que, apesar de dois testes negativos, já tinha sido infectado e ficou assintomático. “É quase como uma chuva, né? Um dia vai atingir você”, resume o presidente, ao dizer que os contatos diretos que mantinha fatalmente o levariam à condição de paciente da Covid-19.

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