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segunda-feira 21 de outubro de 2024 às 09:32h

Desvalorização do euro preocupa investidores, governos e empresas

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Nos últimos meses, o euro tem enfrentado pressão significativa nos mercados internacionais, registrando desvalorização frente ao dólar e outras moedas fortes. Na terça-feira (15) a moeda europeia atingiu seu nível mais baixo desde 13 de agosto em relação ao dólar, após a divulgação das atas da reunião do banco central americano (Fed). As atas revelaram uma divisão entre os dirigentes quanto à necessidade de um corte de 0,5% nas taxas de juros, sinalizando um ritmo mais lento nas futuras reduções, o que fortaleceu o dólar. Desde o fim de setembro, o euro caiu 2,3% frente à moeda americana, passando de 1,12 para pouco mais de 1,09.

Essa desvalorização preocupa governos, investidores e empresas europeias, pois afeta diretamente o custo das importações, a inflação e o crescimento econômico da região. Diversos fatores explicam essa pressão, desde o cenário macroeconômico global e as políticas monetárias divergentes entre o BCE e o Fed até a crise energética que ainda afeta a Europa, além dos desdobramentos do conflito na Ucrânia.

Isabel Schnabel, dirigente do BCE, afirmou que a persistência dos preços no setor de serviços continua pressionando a inflação na zona do euro, mantendo-a em patamares elevados. Em um evento da Associação de Bancos Alemães, na semana passada, Schnabel apresentou slides que evidenciavam as preocupações do BCE com o cenário econômico da região.

Segundo ela, as pressões inflacionárias no setor de serviços são “generalizadas” e superam os níveis considerados compatíveis com a estabilidade de preços, que é o principal objetivo do BCE. A demanda por serviços, até então resiliente, começa a mostrar sinais de enfraquecimento, apontando para uma possível desaceleração.

“O euro só deve recuperar sua força quando o ambiente externo, principalmente os conflitos no Oriente Médio, estiver mais claro e o cenário de juros nos Estados Unidos se estabilizar”, afirma Pedro Francischini, economista e mestre em política internacional pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Setor de serviços

O setor tem sido o principal responsável pela manutenção dos elevados níveis de inflação na zona do euro. Apesar da desaceleração em outros setores, como a indústria, os preços dos serviços têm se mostrado resistentes à queda. Essa tendência representa um desafio significativo para o BCE, que já implementou sucessivos aumentos nas taxas de juros em uma tentativa de conter a inflação.

Schnabel argumentou que essas pressões inflacionárias são mais amplas e profundas do que o esperado, dificultando a convergência para a meta de inflação de 2% do BCE. “As pressões no setor de serviços estão mais fortes do que os níveis consistentes com a estabilidade de preços”, afirmou.

Embora a demanda por serviços tenha se mantido resiliente, Schnabel destacou sinais de enfraquecimento, o que pode indicar uma desaceleração mais acentuada no futuro. A questão dos salários também merece atenção, uma vez que desempenha um papel importante na manutenção da inflação elevada.

Ela projeta que, apesar das altas recentes, a tendência é de desaceleração dos salários na região, o que poderia contribuir para uma redução gradual dos preços no setor de serviços, aliviando parte da pressão inflacionária sobre a economia europeia.

A persistência inflacionária no setor de serviços coloca o BCE em uma posição delicada. Desde 2022, a instituição adotou uma postura de aperto monetário, com sucessivos aumentos nas taxas de juros para conter a inflação. Contudo, a eficácia dessas medidas ainda está em debate, especialmente diante da resiliência de componentes como o setor de serviços.

Schnabel reforçou que o BCE segue atento à evolução dos dados econômicos e está preparado para ajustar sua política conforme necessário. “A inflação é particularmente preocupante, pois reflete um problema estrutural mais profundo”, disse ela, sugerindo que novas medidas podem ser adotadas caso o enfraquecimento da demanda por serviços não seja suficiente para reduzir os preços de forma sustentável.

Apesar dos aumentos recentes nas taxas de juros, a inflação geral na zona do euro permanece acima da meta de 2%, refletindo os desafios enfrentados pelo BCE para controlar os preços.

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