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domingo 16 de outubro de 2022 às 16:00h

Desinformação nas redes no segundo turno busca desmoralizar rivais, diz especialista

ELEIÇÕES 2022, NOTÍCIAS


Com campanhas eleitorais bastantes presentes nas redes sociais desde o começo da disputa presidencial, os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entraram nas semanas que antecedem o segundo turno segundo Nayani Real, da Folha, com arsenal mais agressivo de fake news do que as usadas até então.

Durante julgamento nesta quinta-feira (13) sobre remoção de vídeo falso contra o petista, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, afirmou que o período está marcado por duas novas modalidades de desinformação.

Uma delas é a manipulação de informações verdadeiras seguida de uma conclusão falsa, e a outra é o uso da mídia tradicional para espalhar fake news.

Além disso, as plataformas digitais colaboram com a viralização de conteúdos enganosos sobre as eleições entre seus usuários por falta de checagem.

Do primeiro turno para cá, os conteúdos desinformativos passaram a enfatizar a tentativa de desmoralização dos adversários ao associá-los a comportamentos que geram questionamentos e assustam o eleitorado, diz Sérgio Lüdtke, diretor do Comprova –projeto colaborativo entre veículos de comunicação que verifica informações divulgadas na internet para combater as fake news.

Apesar da grande repercussão dos casos viralizados recentemente, como imagem afirmando que Bolsonaro quer acabar com o feriado do dia 12 de outubro ou as publicações que associam a sigla “CPX” no boné de Lula a grupos criminosos, uma análise investigativa não permite avaliar o impacto que essas notícias inverídicas podem exercer sobre os votos no segundo turno.

O mesmo se aplica aos conteúdos verídicos, como o vídeo em que o atual presidente aparece em discurso em templo maçônico. O nível de rejeição dos candidatos após a apuração deve possibilitar esse levantamento, diz Lüdtke.

A professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP), Tathiana Chicarino, levanta a hipótese de que, assim como no primeiro turno, a estratégia de intensificação no fluxo de desinformação nos dias anteriores à votação se repita.

Esse movimento pode ter sido determinante para convencer eleitores de última hora e pode voltar a influenciá-los, considerando que muitos reavaliaram voto para encerrar a disputa ou votaram sem convicção no dia 02 de outubro.

Lüdtke diz que o fenômeno é acentuado porque a Justiça não consegue combater as notícias falsas com rapidez. O fato de as fake news surgirem em uma rede e serem compartilhadas em outras plataformas, desenvolvendo desempenhos significativos por sobrepor narrativas de diálogo com indecisos e o ataque ao adversário, dificulta ainda mais esse combate.

Para ele, é importante entender que o apelo emocional usado de forma estratégica por esses conteúdos pode virar votos e afastar eleitores. Enquanto isso, as informações verdadeiras exercem menos influência sobre os votantes, porque não sensibilizam da mesma forma.

Marcelo Vitorino, professor de marketing político na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), acredita que essa dinâmica não deve interferir sobre os votos já conquistados por cada candidato. Ele avalia que a atuação de Lula e Bolsonaro nas redes sociais foi insuficiente inclusive na tentativa de desmentir fake news.

O professor diz que o grande foco de suas campanhas deveria ser a conquista dos eleitores que se abstiveram no primeiro turno e o combate ao aumento de ausências na urna no segundo turno, tendência observada nas últimas eleições.

Nesse sentido, a pesquisadora e especialista em democracia digital Maria Carolina Lopes de Oliveira diz que ainda que não impacte a todos e nem a todos igualmente, os conteúdos, manipulados ou não, que circulam pelas redes e recebem bilhões de visualizações têm influência nessas eleições, que se desenrolam com um senso coletivo de importância.

“A visibilidade é um componente importante na política. Não dá para dizer se estão falando bem ou mal de você, mas dá para dizer que falam de você. Hoje todos sabem quem é Lula e Bolsonaro, mas imagine que o atual presidente ganhou notoriedade com isso: pessoas falando dele”, diz.

Maria Carolina desenvolve uma pesquisa sobre a polarização entre Bolsonaro e Lula no TikTok desde maio de 2021, ainda em andamento.

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