O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) anunciou nesta última segunda-feira (6) a suspensão do desembargador Adriano Linhares Camargo, que defendeu o fim da Polícia Militar durante um julgamento na última semana. A ação cautelar foi determinada pelo Órgão Especial do tribunal, a pedido do presidente do TJ-GO, Carlos França, e vale até que o colegiado decida se o magistrado será alvo de processo administrativo disciplinar.
Em meio a uma sessão do tribunal na última quarta-feira (1º), Camargo se manifestou explicitamente a favor de dissolver a Polícia Militar, argumentando que os agentes praticam “abusos e excessos recorrentes” — na ocasião, os desembargadores analisavam possíveis irregularidades na abordagem e tomada de depoimento de um suspeito de tráfico. “Aqui vai uma reflexão pessoal: tem que acabar com a Polícia Militar e instituir uma forma diferente de investigação e repressão ao crime”, declarou Camargo, acrescentando que o papel da corporação é de “reserva técnica do Exército para enfrentar inimigo.”
As declarações viralizaram nas redes sociais e suscitaram uma resposta irritada do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que chamou de “crimes e agressões” as falas de Camargo.“Neste momento em que você pede a extinção da Polícia Militar, está atentando contra o Estado Democrático de Direito, ou está cooptado por outras forças do crime”, afirmou, em vídeo, o governador. Na mesma publicação, Caiado disse que já havia acionado a Procuradoria-Geral do Estado para denunciar o desembargador e pedir sua remoção do cargo.