O secretário-geral da ONU destacou nesta última quarta-feira (27) o descontrole da inteligência artificial como uma questão séria que pode ser igualada à situação do clima quando se trata das maiores crises da humanidade.
António Guterres falava nesta quarta-feira a jornalistas, em Lisboa, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro. O país acolheu o 10º. Fórum das Aliança das Civilizações que adotou a Declaração em Cascais defendendo a paz.
Reforma que deve começar pela ONU
O líder das Nações Unidas defende instituições internacionais mais robustas para resolver questões atuais, numa reforma que deve começar pela ONU e pelo Conselho de Segurança e cobrir de bancos multilaterais à Organização Mundial do Comércio.
“Nunca foram tão sérios os desafios que se põem à humanidade: a questão climática, a inteligência artificial que se desenvolve sem o mínimo de controlo à escala global, ela própria com enorme potencial, pode ser também uma ameaça existencial tal como a questão climática. As profundas desigualdades e injustiças a que assistimos em todo o mundo e a multiplicação de conflitos. Tudo isto mostra que as instituições que temos a nível global estão hoje profundamente desatualizadas.”
Guterres elogiou ainda o papel de Portugal como mediador de crises intervindo em várias frentes.
“Em todas estas batalhas, Portugal tem tido um papel ativo. E mais do que um papel influente, uma posição respeitada por todos os outros interlocutores, mesmo as maiores potências. Portugal é visto como um país ponte. Um país que aproxima os outros quando eles estão desavindos e um país que é dado como exemplo.”
Brasil e Conselho de Segurança com maior agilidade
Ao defender a reforma institucional em diferentes setores em nível global, o chefe de governo de Portugal disse que o país está disponível para apoiar o Sistema da ONU.
“Ao funcionamento do Conselho de Segurança com maior agilidade para decidir e para implementar as decisões e o caminho de abertura da participação a países como o Brasil, como a Índia e países africanos. Eu quero nesta ocasião também dizer que Portugal continuará no contexto internacional a promover a sua vocação universalista e a promover a sua participação em missões de paz com total empenhamento.”
Na sessão, Guterres mencionou o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hezbollah que entrou em vigor nesta quarta-feira no Líbano como uma “luz de esperança”. Ele disse que a operação da ONU prosseguirá na nova fase.
“É essencial que o respeitem integralmente e é essencial que este compromisso abra caminho para uma solução política para a crise libanesa e, ao mesmo tempo, posso garantir-vos que a Unifil, a Força de Manutenção da Paz das Nações Unidas que tem estado no Líbano, está neste momento preparada para dar o seu contributo à verificação deste cessar-fogo com o total empenhamento.”
Às margens da abertura oficial do 10º. Fórum das Aliança das Civilizações em Cascais, o chefe da ONU encontrou-se com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Entre os temas discutidos estiveram situações que ameaçam à paz internacional, a cooperação com a ONU e os preparativos para a Conferência dos Oceanos do próximo ano.