Serão contratados engenheiros, soldadores, mergulhadores, técnicos de seguranças e mais
O novo coronavírus não vai impactar somente o consumo de petróleo. Também deve acelerar o processo de descontinuidade das plataformas de óleo e gás, que no Brasil começam a atingir o fim da sua vida útil.
Se de um lado as petroleiras perderão receita, do outro haverá uma nova fonte de recursos para a economia local: os negócios envolvendo a desativação obrigatória dessas estruturas, o chamado descomissionamento. Segundo estudo da consultoria ambiental dinamarquesa Ramboll, conforme a revista Exame, este processo deve movimentar cerca de 26 bilhões de reais até 2024.
A Petrobras já iniciou, nesta semana, o descomissionamento da plataforma P-12, na Bacia de Campos. A companhia informou que também está prevista, para este ano, a desativação da P-07 e da P-15, além da FPSO (navio) Piranema, na bacia de Sergipe-Alagoas. Na Bahia, os estaleiros da Petrobras e Odebrecht de São Roque em Maragogipe e Salinas das Margaridas, poderão ser utilizados, dizem fontes do #Acesse Política.
Trata-se da primeira leva de quase 20 estruturas que serão descomissionadas nos próximos anos. Mas este processo não é simples.
Primeiramente, a petroleira precisa apresentar um plano para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) comprovando ter esgotado todas as alternativas para revitalização do campo em questão – como, por exemplo, tentando a venda para empresas de menor porte, que têm estrutura de custos mais enxuta e adequada para esse tipo de operação.
Segundo Sergio de Mesquita Sahlit, especialista em óleo e gás da Ramboll, atualmente há um grande número de plataformas, no Brasil, que estão chegando à idade limite, que gira em torno de 15 a 25 anos, dependendo da estrutura.
“Cerca de 90 plataformas encontram-se em estágio de descomissionamento no país. A pandemia e a queda dos preços do petróleo aceleraram esse processo”, diz o especialista.
O plano de descomissionamento precisa ser apresentado à ANP com pelo menos cinco anos de antecedência. O objetivo é estender a vida útil da estrutura e, caso isso não seja possível, a petroleira pode obter autorização para desativá-la, em uma avaliação conjunta da autarquia com o Ibama e a Marinha do Brasil.
Segundo cálculos da Ramboll, o descomissionamento de poços deve movimentar 16,2 bilhões de reais até 2024; a retirada de equipamentos, 8,7 bilhões; a recuperação de áreas, 497 milhões e, outros serviços, aproximadamente 567 milhões de reais.
Para tanto, o processo de descomissionamento deve envolver uma cadeia significativa de empresas, desde engenharia até estaleiros, que farão a desmontagem dos equipamentos. Também serão necessárias empresas do ramo ambiental, para a destinação correta de acordo com a legislação vigente.
“À medida que essas oportunidades surgem, empresas começam a se habilitar na ANP para prestar estes serviços. O horizonte é positivo nesta área”, diz Sahlit.