Interessados em construir a unidade e ao mesmo tempo salvar a própria pele, sob grande risco desde que ACM Neto (DEM) desistiu da candidatura ao governo, deputados estaduais e federais oposicionistas pensam em ir ao prefeito de Salvador propor que ele indique o ex-secretário João Roma (DEM) ou o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Leonardo Prates (DEM), para integrar, na condição de vice, a chapa a ser liderada por um dos candidatos a governador da oposição.
O argumento oficial que foi publicado no site Política Livre é de que, para não fazer feio na eleição, as oposições precisam de uma chapa com densidade eleitoral. Para isso, no entanto, independentemente de quem venha a encabeçá-la – José Ronaldo (DEM) ou João Gualberto (PSDB) -, é fundamental ter um nome bastante identificado com o prefeito. “Seria um gesto importante do prefeito indicar alguém identificado com ele para compor a chapa como vice e tanto Roma quanto Prates servem a este propósito”, diz um deputado estadual.
Roma é candidato a deputado federal e Prates, a estadual, no DEM. A fonte afirma que a idéia vem sendo debatida há alguns dias entre eles e os parlamentares federais, tendo sido, inclusive, pauta de um encontro realizado esta semana para tratar da viabilidade eleitoral dos atuais membros da Assembleia e da Câmara dos Deputados. A proposta só não teria ganho um formato mais efetivo até agora, motivo porque ainda não foi marcado qualquer encontro com ACM Neto para discutí-la.
Para esta fonte, a sugestão pode, no entanto, assumir um caráter de exigência, principalmente se o candidato for João Gualberto. “Neste caso, a necessidade é ainda maior, já que Gualberto é do PSDB, diferentemente de Ronaldo, que é do DEM”, avalia, admitindo que, mesmo sendo o democrata o escolhido, dificilmente dará para abrir mão de um indicado direto do prefeito, que tenha mais a sua cara, inclusive a mesma faixa etária, como candidato a vice. “É uma forma de fortalecê-la”, completa.
Embora o argumento oficial seja o de dar uma feição mais netista à chapa, no fundo o que os deputados querem é remover da campanha proporcional um dos dois nomes considerados mais fortes junto ao prefeito para disputar as atuais eleições, o que pode tornar a vida daqueles que tentam se reeleger um pouco mais fácil. “Depois dessa hecatombe que foi a desistência de Neto, estamos vivendo um salve-se quem puder e candidatos muito fortes não são bem vindos”, confessa outro deputado.
Por Raul Monteiro