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quarta-feira 22 de janeiro de 2025 às 08:03h

Deputados e senadores voltam das férias com sangue nos olhos e irão exigir pagamento de emendas

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Dia desses o presidente Lula da Silva (PT) segundo a coluna de Vera Rosa, do Estadão, reclamou para ministros, no Palácio do Planalto, que faltavam cartazes de divulgação dos programas do governo federal nas cidades. Lembrou dos tempos do país das maravilhas em que muitas farmácias exibiam a inscrição “Aqui tem farmácia popular” e até ônibus tinham propagandas afixadas.

“Não vejo mais esses cartazes”, protestou ele. “Nós estamos virando algoritmo.” Em seguida, Lula cobrou mais protagonismo desses e de outros projetos, como o Pé-de-Meia, que dá bolsas para alunos do ensino médio e já teve quase duas dezenas de “lançamentos” regionais.

É por isso que, até agora, a única mudança no primeiro escalão do governo foi a do ministro da Comunicação Social (Secom). A entrada do marqueteiro Sidônio Palmeira é vista pelo núcleo político do Planalto como uma espécie de “salvação” do terceiro mandato de Lula.

A menos de duas semanas do fim das férias parlamentares, no entanto, o presidente pode se preparar para um novo episódio crítico desta temporada: o cabo de guerra com o Congresso.

O ano de 2024 terminou azedo por causa da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de barrar parte considerável das emendas parlamentares. Há tempos um sofisticado esquema de compra e venda de emendas ao Orçamento está sob investigação da Polícia Federal.

Diante desse cenário, o Congresso retoma as atividades com sangue nos “olhos digitais”, como mostraram as notícias falsas postadas sobre a taxação do Pix. Após recuar para estancar o desgaste e a crise de confiança, o governo prepara agora uma campanha publicitária para informar que o Pix é “seguro” e “sem taxa”.

De qualquer forma, mesmo sob nova direção a partir de 1.º de fevereiro, deputados e senadores prometem segurar votações importantes, como a do Orçamento de 2025, enquanto não tiverem assegurado o pagamento das emendas.

Tanto o deputado Hugo Motta (Republicanos), favorito para ocupar a presidência da Câmara – e de estilo mais conciliador do que Arthur Lira (PP) –, como o senador Davi Alcolumbre (União Brasil), já chamado de comandante do Senado, avisaram a Lula que o céu não está para brigadeiro.

Somam-se a essas turbulências a reforma ministerial encruada, as queixas do Centrão, a oposição disposta a barrar o avanço do projeto que limita os supersalários, além da regulação de redes sociais, e está formada uma nova crise.

“Esse clima de tensionamento com o Congresso terá de ser mediado pelo Planalto”, admitiu o futuro líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). “A reforma ministerial e a polêmica das emendas não podem atrasar a votação do Orçamento”, completou.

Constam do pacote que promete enfurecer a oposição, e respingar no Planalto, temas que o Supremo Tribunal Federal (STF) também enfrentará neste ano. Na lista estão o crescente valor das emendas sem transparência, a responsabilização das big techs por conteúdos criminosos de usuários e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros investigados pelos atos golpistas do 8 de janeiro.

Em um mundo no qual Bolsonaro acredita que o presidente dos EUA, Donald Trump, pode interferir na Justiça do Brasil para reverter sua inelegibilidade e Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirma que países latino-americanos têm “tribunais secretos” de censura, algo está muito errado. Dá até vontade de voltar à época dos cartazes defendidos por Lula.

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