Deputados aliados de primeira hora de Jair Bolsonaro foram barrados na porta da Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília, para onde foram levados cerca de 1.500 acusados de participação nos ataques às sedes dos três Poderes. O objetivo dos parlamentares segundo Gabriel Mascarenhas, do O Globo, era vistoriar as instalações e as condições em que os suspeitos estão sendo mantidos. Além de não poder entrar, Bia Kicis (PL-DF) ainda ouviu cobranças de apoiadores do ex-presidente.
Até agora, do total de detidos, 600 foram liberados e outros 500 transportados para o sistema prisional. Os homens ficarão na Penitenciária da Papuda, e as mulheres estão sendo encaminhadas à Colmeia, presídio feminino da capital.
A comitiva era formada por Evair de Melo (PP-ES), Domingos Sávio (PL-MG) e Marcelo Álvaro (PL-MG), que foi ministro do Turismo na gestão passada, além de Bia Kicis. Eles se queixaram da proibição de entrar.
— Ficamos três horas aqui e não tivemos acesso. Só conversamos com a delegada. Já falei com o (presidente da Câmara, Arthur) Lira hoje e vamos formar uma comissão externa para acompanhar as investigações — disse Kicis.
Ao lado dela, Álvaro Antônio declarou que é importante separar “o joio do trigo” e “não prender pessoas inocentes”. A presença das autoridades foi notada por parentes dos suspeitos detidos e por bolsonaristas que estavam na porta do local.
‘Bolsonaro está sendo covarde’
Enquanto Kicis gravava uma “live”, um manifestante que se dizia militar da ativa a interpelou. Ele cobrou da deputada um posicionamento por parte do ex-presidente:
— Cadê o Bolsonaro? Ele não vai falar nada? Bolsonaro está sendo covarde, a verdade é essa — disse ele.
Incomodada, ela respondeu:
— Eu estou fazendo uma live, dá licença. Não respondo pelo Bolsonaro.
O homem se retirou, enquanto ouvia gritos de “infiltrado”, proferidos por familiares e conhecidos dos presos.
— Vamos seguir atentas, acompanhando(…) Queremos que a lei seja aplicada, mas não daquela forma de punir os conservadores e liberar os bandidos. Em todo lugar existe extremistas — prosseguiu a parlamentar.
Suspeita de estímulo aos ataques
Nos bastidores da PF, uma das razões para impedir a entrada dos parlamentares é a suspeita de que parte dos deputados bolsonaristas pode ter estimulado os atos antidemocráticos. No local, estão sendo colhidos os depoimentos de manifestantes.
Com exceção do episódio com Kicis, não houve registros de embates em frente à Academia da PF. Algumas pessoas foram em busca de informações sobre os seus parentes. Outras levaram itens como alimentos, remédios e até fraudas geriátricas para os presos. Apenas advogados e defensores públicos puderam entrar, porém.
Ao longo do dia, quatro ônibus do sistema penal saíram lotados de presos, escoltados pela Polícia Militar e Civil do DF. Outros três ônibus partiram com pessoas idosas e com comorbidades graves que foram liberadas da prisão.