A escolha deputado federal pelo Paraná e ex-ministro da Saúde do Governo Michel Temer, Ricardo Barros (PP-PR), para comandar a interlocução política do governo federal na Câmara dos Deputados, foi interpretada mais como mais um afago ao Centrão do que uma tentativa de estreitar os diálogos com o Casa, pelos deputados federais da bancada baiana.
O nome do substituto do Major Vitor Hugo (PSL-GO) foi publicado no Diário Oficial da União nesta terça-feira, 18. Durante a manhã, o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), gravou um vídeo ao lado de Barros, publicado em uma rede social do deputado federal, afirmando que o novo líder potencializará chances de aprovação de projetos na Casa.
“Fui por mais de dez anos integrante do PP, do Ricardo Barros. Temos bom relacionamento lá de trás. Eu o convidei, ele aceitou prontamente essa honrosa missão de liderar o governo dentro da Câmara dos Deputados. Para nós, isso é muito bom. Nós potencializaremos a aprovação de projetos na Câmara, o que interessa para todos nós. Ele já vinha fazendo fazendo esse trabalho mesmo sem ser o líder do governo”, destacou o presidente da República.
Segundo o jornal A Tarde, o coordenador da bancada da Bahia no Congresso Nacional, Marcelo Nilo (PSB), definiu a escolha de Barros como um símbolo do pacto entre Bolsonaro e o Centrão, coletivo de partidos bastante criticado e estigmatizado pelo presidente durante sua campanha em 2018: “Bolsonaro se entregou ao Centrão completamente. Criticava tanto e agora é a força política dele; É a oficialização da entrega do governo ao toma lá dá cá”.
Major Vítor Hugo era criticado pelos acordos costurados e derrubados pelo presidente da República, coisa que Nilo acredita que não deve ocorrer com Barros. Apesar de ter sido ex-ministro e de estar em seu sexto mandato na Câmara dos Deputados, Barros não possui bom trâmite entre os deputados, é o que avalia Marcelo Nilo, dando como exemplo a votação do novo líder do governo em candidatura à presidência da Câmara em 2019.
“Ele é um cara mais educado do que o antecessor; É ausente, mas educado. Foi um bom ministro da Saúde, mas não é um cara carismático e nem articulado na Câmara. Em sua votação para presidente só recebeu quatro votos, nem os membros do partido votaram nele. Bolsonaro está no salve-se quem puder”, pontuou o coordenador da bancada baiana no Congresso ao A Tarde.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) acredita que escolha de Barros é uma prova de que o governo Bolsonaro se fundiu ao Centrão, que segundo analisa, está tomando conta do governo federal.
“O Ricardo é um homem polido que fala a língua da política, conheço-o há muitos anos. Ele chega para dar um polimento na base de um governo que lamentavelmente é muito rústica para ser polida; Por conta de suas propostas e conduta que estão prejudicando e causando mal ao brasil”, avaliou Portugal.
Aliado ao presidente da República, o deputado federal Alex Santana (PDT) pontua que vínculo de Bolsonaro ao Centrão é um processo de “coalizão, parceria do governo com a Câmara que sempre existiu em todos os governo”. Ele pondera que essa união não pode significar toma lá dá cá e corrupção, coisa que acredita que não ocorrerá.
De Ricardo Barros, o deputado do PDT espera acordos melhores do que os costuradores pelo Major Vitor Hugo.
Outro deputado Bolsonarista que acredita em uma melhora no diálogo entre a Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto é o vice-líder da bancada evangélica na Casa, o deputado federal Abílio Santana (PL).
“Ninguém melhor do que o próprio presidente para saber quem deve ocupar o cargo de líder do governo na Câmara. Ricardo Barros é um deputado digno de respeito e tenho certeza que será um porta voz do presidente Bolsonaro, priorizando sempre o diálogo e o respeito”, ressaltou Santana.