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terça-feira 20 de agosto de 2019 às 04:29h

Deputado quer instituir o Dia da Capoeira na Bahia

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O valor das tradições dos povos de matriz africana foi celebrado, na manhã desta segunda-feira (19), durante Sessão Especial em Homenagem ao Dia da Capoeira, comemorado em muitos estados brasileiros no dia 3 de agosto, mas ainda sem data definida na Bahia. Proposto pelo deputado Rosemberg Pinto (PT), líder da maioria na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o encontro significou um avanço para a elaboração de um projeto de lei que deverá instituir em território baiano uma data para a celebração do instrumento de resistência, que mescla luta, dança e esporte.

Em discurso na tribuna de honra, Rosemberg relembrou a história da capoeira, sobretudo, o período em que os adeptos sofriam perseguição. O petista usou o poder da fala também para defender a obrigatoriedade da capoeira nas escolas, assim como a necessidade de um maior reconhecimento ao povo africano na construção da cultura baiana e brasileira.

“Nós somos percebidos pela formação europeia, mas precisamos dar a devida importância à contribuição africana e indígena. Não podemos ignorar o fato da capoeira ser hoje um instrumento de conscientização da sociedade. Que o Estado da Bahia possa ter a capoeira em suas leis, pela sua importância na construção cultural”, disse o legislador.

Reconhecida Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a capoeira é uma expressão cultural desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos. Acredita-se que a capoeira tenha surgido no Quilombo dos Palmares, na então Capitania de Pernambuco, por volta do século XVI. Para o cantor, compositor e mestre, Tonho Matéria, a criação de uma data para a capoeira na Bahia deve trazer impactos positivos.

“A definição de uma data abrirá espaço para discussões mais profundas sobre a capoeira, o que deve contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico deste instrumento de resistência”, afirmou.

Professora de capoeira no município de Irará, Olívia Roberta, “a Negona”, sugeriu o dia 12 de agosto como data a ser fixada, tendo em vista que é quando se celebra a Revolta dos Búzios. Negona, que sonha em ser mestre, destacou o legado feminino na capoeira. “Nós temos muitas mulheres, negras, capoeiristas, como mestre Ritinha e mestre Brisa, que assumiram esta luta pela resistência e, que passaram os ensinamentos para as novas gerações”, exaltou.

Membro do Conselho de Capoeira da Bahia, mestre Duda ressaltou a necessidade do Estado reconhecer as organizações dos grupos ligados à capoeira em todos os estados brasileiros. Já a professora de Fundação de Cultura do Estado da Bahia (Funceb), Janaína Cavalcanti, que no ato representou a diretora da Funceb, Renata Dias, destacou as melhorias que obteve no contato com a capoeira. “Me ajudou a melhorar na dança e na arte”, afirmou.

Representando o Governo do Estado, o diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC), João Carlos Oliveira, destacou as conquistas obtidas pelos povos de matriz africana. Além disso, criticou a visão disseminada pelo Governo Federal no que se refere à cultura no país. “Muitos estados estão seguindo o caminho trilhado em esfera federal de desvalorização do âmbito cultural. Querem transformar tradição em folclore. O problema é que folclore é invenção, e tradição é existência. Não podemos deixar que a capoeira perca espaço. Temos que lutar para que a tradição seja lugar de fala”, enfatizou.

Na oportunidade, a ALBA entregou placas de homenagem aos mestres Pau de Rato, Tonho Matéria, Paredão, Bozó, Ninha, Duda, Neco, The Flash, Morcego, Aristides, Gato (in memoriam), Didi, Boca Rica e Moa (in memoriam), além do contramestre Busca Longe, e dos professores Saravá e Negona. Estiveram presentes ainda o diretor-geral do Centro de Culturas Populares e Identitárias da Bahia, André Reis; e a filha do mestre Moa do Katendê, Samonair.

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