A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil prevê alta dos custos de produção do agronegócio em 2023. Além disso, a guerra na Ucrânia, a escalada nos preços dos fertilizantes, quebra na safra da soja e condições climáticas adversas já prejudicaram o setor em 2022. Para falar sobre os desafios que o novo governo vai enfrentar, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal e presidente eleito da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (Progressistas), que revelou um desgaste inicial entre o agronegócio e a gestão do presidente Lula (PT): “Estamos assustados e um pouco receosos com relação ao início desse novo governo e as atitudes que foram tomadas em relação ao agro. O desmonte total do Ministério da Agricultura, retirar partes importantes do ministério e mandar para o Ministério Agrário, como foi o caso da agricultura familiar, como é o caso também do Cadastro Ambiental Rural, enviado para o Ministério do Meio Ambiente”.
“A própria Conab deixou de fazer parte do Ministério da Agricultura. Isso tudo nos preocupa muito, porque a gente perde a concentração da força de inteligência do planejamento do agro brasileiro de planejar o plano Safra, de calcular o que vai precisar de seguro, como que tem que ser o juros e o que vamos precisar de apoio do governo para as próximas safras. Nós estamos em um momento em que a gente vem de pelo menos quatro safras de defasagem, já temos problemas de estiagem no Sul do país e isso vai gerar problemas para a gente ter que enfrentar a questão do seguro. A preocupação é muito grande em relação ao Ministério da Economia e, principalmente, essa questão do desmonte total do Ministério da Agricultura (…) São grandes os desafios, mas a nossa bancada continua sendo a maior do Congresso, já somos praticamente 315 parlamentares para poder fazer a força que o agro precisa dentro do Congresso Nacional”, avaliou.
O parlamentar destacou que a bancada do agronegócio pretende cooperar com o novo governo em pautas que forem benéficas para o setor e analisou a nomeação do ministro Carlos Fávaro para assumir o Ministério da Agricultura: “O que for favorável ao agronegócio, ao produtor rural e facilite o dia a dia dos produtores, melhore renda e melhore condições , é claro que nós vamos apoiar. É importante ressaltar, apesar de eu particularmente ter uma posição claríssima de oposição a esse governo, nós temos a responsabilidade de representar uma cadeia produtiva, representar um setor. É uma frente plural, somos em mais de 300 e tem que ter muito claro os posicionamentos.
“Óbvio que nós vamos ser intransigentes na defesa dos produtores rurais brasileiros, qualquer tipo de ataque que sofremos será respondido à altura e proporcionalmente. O que for positivo para o setor é obvio que nós vamos apoiar. Importante ressaltar que o ministro Carlos Fávaro , que assumiu o Ministério da Agricultura, é um parlamentar que conhece do agro, foi presidente da Prosoja, tem uma ligação profunda com o agronegócio brasileiro, convive e tem uma boa amizade com todos nós da bancada e isso vai facilitar muito o nosso diálogo”, detalhou. O parlamentar também repudiou novas taxações ou regulamentações sobre o agronegócio: “Óbvio que a gente não pode deixar a política atrapalhar. Quando a gente fala de taxação do agro e regulação do agro, isso tudo a gente tem que repudiar e mostrar que é o nosso setor que tem sustentado o país e precisa ser respeitado à altura”.
Lupion também comentou a retomada das exportações de carne brasileira para a China e destacou a importância de ampliar ainda mais o mercado internacional: “Essa retomada de exportações de carne para a China vem a alguns meses sendo trabalhada. Inclusive, a então ministra Teresa Cristina e o ministro Marcos Pontes trabalharam muito nisso. Essa reabertura de mercado é extremamente importante. O que deve ficar claro é que o mundo precisa da proteína brasileira, o mundo precisa do alimento brasileiro. Se nós soubermos jogar bem nessa questão macroeconômica mundial e geopolítica, a gente tem muito a crescer e tem muito a conquistar novos mercados. No último governo, foram mais de 200 novos mercados abertos que possibilitaram a exportação dos nossos produtos. Hoje, se você precisa comprar pé de frango do Brasil são 4 anos de fila para conseguir. Ou seja, nós temos uma importância gigantesca como player mundial na distribuição de alimentos e isso facilita muito o escoamento da nossa produção”.
Para o deputado federal, apesar de um bom relacionamento com o ministro da Agricultura, outras pastas como a do Desenvolvimento Agrário e a do Meio Ambiente são alvos de dúvidas e receios da Frente Parlamentar da Agropecuária: “O que nos preocupa muito? O Ministério do Desenvolvimento Agrário, em que está lá o deputado Paulo Teixeira, que sempre foi um radical contra as ações do agro brasileiro, e a ministra Marina Silva no Meio Ambiente que historicamente eu nem preciso lembrar tudo o que foi feito nas gestões da deputada Marina Silva quanto ao agro e os prejuízos enormes que nós tivemos. Isso vai depender muito de como seremos tratados e a relação que nós teremos com o governo. O Ministério da Agricultura tem a responsabilidade de ser um grande embaixador para que essa equação funcione direito e o Brasil não pare. Que a gente possa ser respeitado à altura da nossa importância”.