O deputado André Janones (Avante-MG) quer segundo Vinícius Valfré, do Estadão, o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o mais importante colegiado da Casa. O parlamentar abriu mão de concorrer à Presidência da República e mergulhou na campanha do petista, com atuação destacada nas redes sociais. Ele, porém, foi apontado como o protagonista de distorções e desinformações pró-Lula durante principalmente o segundo turno.
A estratégia rendeu a Janones a alcunha de “Carluxo do Lula”, uma referência ao papel determinante que o vereador Carlos Bolsonaro teve nas campanhas do pai. A atuação na campanha não se reverteu em cargos no novo governo. “Meu pleito agora é a CCJ. Quando a gente (ele e Lula) conversou e eu abdiquei da minha candidatura, citei que não queria espaço no governo, mas disse que ia pleitear mais espaço na Câmara”, disse ele ao Estadão.
Janones deve discutir o pleito com Lula na sexta-feira. Na campanha, o deputado lançou mão de uma narrativa agressiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inspirada no receituário da direita.
Durante a transição
Desde a transição de governo, Janones vinha dizendo que não se interessava por participar do governo. Ele nega envolvimento nas discussões que culminaram na escolha de Paulo Pimenta (PT-RS) para a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência.
“Terminou uma batalha. Agora que entro em campo”, afirmou. “Sempre deixei claro que não queria espaço no governo, mas queria espaço na Câmara. Sei que a composição é diferente, é outra estrutura de poder. Mas o apoio do governo tem um peso”.
A “fatura” do apoio era esperada pelos petistas. A cúpula do partido, porém, é contra dar o comando da CCJ a Janones e defende Maria do Rosário (PT-RS) para liderar a comissão. A liderança do partido na Câmara deve ser exercida por Zeca Dirceu (PR), filho do ex-ministro José Dirceu.
A CCJ é responsável por dar aval para aprovação de todos os projetos que passam pela Câmara. A Comissão costuma ser a mais disputada pelo poder que exerce no destino de vida ou morte das propostas de interesse do governo.