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O deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), em indicação encaminhada ao governador Rui Costa (PT), solicitou a instalação no Parque de São Bartolomeu de uma estátua em memória de Zeferina, liderança do Quilombo do Urubu. O documento apresentado na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) pelo parlamentar destaca que “o parque tem grande importância ambiental, histórica e religiosa, além de ser espaço referencial da ancestralidade e resistência do povo negro na Bahia”.
De acordo com Hilton, Zeferina viveu na primeira metade do século XIX, e ficou conhecida por ser liderança e guerreira do Quilombo do Urubu. Ainda criança Zeferina foi trazida de Angola para o Brasil, na condição de escrava, e anos depois se tornou liderança no Quilombo do Urubu, que atualmente corresponde à região do bairro Pirajá e do Parque São Bartolomeu, em Salvador. Ela chegou ao quilombo fugindo dos abusos e da violência de seus senhores e foi acolhida por outros quilombolas que já residiam na região.
Em 17 de dezembro de 1826, utilizando apenas arco e flecha, Zeferina liderou a população local em um levante contra o ataque de tropas policiais ao quilombo. Ela foi a última a desistir e, ao final, acabou sendo presa por vários soldados e posteriormente assassinada. “É importante salientar que o Quilombo do Urubu tinha uma forte ligação com o Candomblé, sendo a perseguição religiosa uma das possíveis razões para potencializar o ataque ao local”, explicou Hilton Coelho, lembrando que “o parque também é um santuário para religiões de matriz africana, desde a época do quilombo na região, de modo que a fauna e a flora do espaço são sagradas para os adeptos”.
O legislador disse ainda que, atualmente, há uma associação de mulheres na região do bairro de Pirajá – Parque São Bartolomeu: a Associação Quilombo Zeferina. Segundo ele, a comunidade luta para manter viva por lá “a memória de resistência dessa líder guerreira e usa sua história como referencial na luta contra a exclusão social”.
Hilton conclui o documento afirmando que, “assim como no passado, as práticas de exclusão social vigentes no Subúrbio Ferroviário de Salvador atingem mais diretamente as mulheres negras, suas famílias e a localização de suas moradias. A resistência desta população possibilitou a preservação de suas tradições, crenças e cultura, permitindo que a história de Zeferina continuasse a ser transmitida através da oralidade”.
