Martin Schmidt, da AfD, teve cinzeiro de vidro arremessado contra a cabeça. País vive alta de violência política, e sigla tem crise de imagem após dois deputados federais perderem imunidade diante de investigações.Deputado estadual do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Martin Schmidt sofreu um ferimento na cabeça na noite de quinta para sexta-feira (17) após ter um cinzeiro de vidro arremessado contra si em um bar na cidade de Schwerin, informou a polícia. Ele foi levado para um hospital.
Segundo a corporação, o suspeito, um homem de 52 anos, avistou Schmidt quando ele estava em um grupo de quatro pessoas e inicialmente o insultou. Em seguida, houve uma discussão, e o suspeito jogou o cinzeiro em Schmidt. O homem, que estaria bêbado e teria se identificado como sendo de esquerda, teria admitido que agiu por convicções políticas.
O caso deve ser investigado como lesão corporal grave e insulto.
Aumenta violência política na Alemanha
Ultimamente tem havido mais notícias de atos violentos contra políticos na Alemanha. Segundo o governo federal, os ataques têm atingido principalmente membros do Partido Verde – só em 2023 teriam sido 1.219 casos, um aumento significativo em relação a 2022, com 575 notificações. Na sequência vêm políticos da AfD, com 575 ataques, e os sociais-democratas (SPD), com 420.
No início do mês, o eurodeputado e candidato à reeleição Matthias Ecke, do SPD, foi espancado enquanto afixava cartazes de campanha em Dresden, na Saxônia. Ele teve que ser levado ao hospital e operado devido à gravidade de seus ferimentos.
Dois deputados federais da AfD perdem imunidade parlamentar no mesmo dia
Na quinta-feira, o Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, suspendeu a imunidade dos deputados da AfD Petr Bystron e Hannes Gnauck.
Bystron, número dois na lista do partido para as eleições ao Parlamento Europeu e atualmente deputado federal eleito pelo estado da Baviera, é suspeito de receber propina do portal “Voice of Europe”, que divulgava propaganda russa na União Europeia. Ele nega as acusações.
Sem citar nomes, o Ministério Público de Munique afirmou que abriu um “inquérito contra um deputado do Bundestag” por suspeita de corrupção de autoridades com mandato eletivo e lavagem de dinheiro, e confirmou ter realizado na quinta-feira operações de busca e apreensão em Berlim, na Baviera e na ilha espanhola de Mallorca. Segundo a bancada da AfD, as buscas também atingiram imóveis privados do deputado.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, o Ministério Público apura um pagamento de março de 2023 que ensejou uma denúncia do por suspeita de lavagem de dinheiro. Bystron teria depositado 30 mil euros (R$ 166,8 mil) em dinheiro na conta de uma empresa dele de Munique, que aparentemente está inativa e cuja atividade oficial é a venda de calçados de couro. No mesmo dia, ele teria sacado todo o valor em notas de 200 euros.
Líderes do partido afirmam que, por ora, não foram apresentadas provas que embasem as suspeitas contra Bystron, e dizem esperar “uma rápida conclusão das investigações, para que não haja a suspeita de que se está tentando influenciar a campanha eleitoral europeia”.
Na noite de quinta-feira, foi a vez de o presidente da ala jovem da AfD e deputado federal pelo estado de Brandemburgo, Hannes Gnauck, ter a imunidade suspensa por decisão do Bundestag, que autorizou a realização de um “processo disciplinar judicial” contra ele com base em informações do Ministério da Defesa.
Por ora, não há detalhes sobre por que o deputado teve a imunidade suspensa. Segundo a emissora de TV ARD, a investigação estaria relacionada ao período em que Gnauck serviu nas Forças Armadas alemãs. O deputado nega qualquer conduta inapropriada, e queixa-se por ter tido a imunidade suspensa “sem motivo aparente” e “pouco antes da eleição para o Parlamento Europeu”, que será em 9 de junho.
Gnauck é membro da comissão de defesa do Bundestag, mas deputados de outras bancadas têm se mostrado preocupados com a permanência dele, já que a ala jovem da AfD que ele preside é considerada uma organização extremista pelo Departamento Federal de Proteção da Constitutição. A comissão de defesa supervisiona o trabalho do Ministério da Defesa e lida com informações confidenciais.