Atuante em movimentos negros e presidente da Comissão dos Direitos das Mulheres na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a deputada estadual Olívia Santana (PCdOB) atribui os dados de violência contra mulheres negras no estado ao racismo estrutural. Para a parlamentar, conforme entrevista ao Bahia Notícias, essa é uma questão de “necropolítica operando em alta”.
“Na Bahia, talvez seja ainda mais forte que todo o Brasil. Os níveis de condições de vida da população negra sempre foram muito baixos, historicamente, de exclusão nos espaços de poder, nos empregos de alto prestígio social e econômico, nós também temos uma grave sub-representação negra. O que mostra quão profunda é a invisibilidade e subalternizada a população negra no nosso estado. Há um descarte crônico, a população negra está sempre sobre representada nos indicadores mais baixos”, disse Olívia na entrevista ao site.
A deputada comenta que os dados do Atlas da Violência, divulgados na semana passada, tem como base o ano de 2019. Para ela, os dados de 2020 e 2021 tendem a piorar por conta dos efeitos dos decretos de Bolsonaro de liberação de armas.
“É preciso mudar a política de guerra às drogas, que em vez de reduzir, só aumenta os indicadores de mortalidade. É fundamental superar a cultura desenvolvida com base nos altos de resistência, que sempre justificou operações policiais letais. A pena de morte para negros sempre existiu neste país. Isso se chama necropolítica. A Bahia não é diferente. Precisamos coletivamente enfrentar essas coisas com inteligentes e humanismo”, afirma.