Depois da tempestade, nem sempre vem a calmaria. No dia seguinte às fortes chuvas que atingiram diversas regiões da França, e inundaram algumas estações de metrô em Paris, a imprensa local faz conforme RFI um balanço dos estragos causados pela brusca mudança de tempo ocorrida na terça-feira (16).
Du calme à la tempête en 2 minutes.#orages #Paris pic.twitter.com/EhCZ4L76v6
— Clément ??? (@unautreanonyme) August 16, 2022
Um vídeo no site do jornal Le Parisien ainda mostra a chuva chamada de diluviana pelo jornal, que, acompanhada de fortes ventos de até 104 km/h, inundaram trechos da capital francesa. O diário celebra a volta à normalidade do transporte público, que teve algumas linhas de metrô com tráfego reduzido ou até mesmo suspenso. Sete estações do metrô parisiense chegaram a ser fechadas entre o final da tarde e início da noite de terça-feira, devido às inundações.
As imagens mostram árvores derrubadas, telhados quebrados e a água que escorre pelas escadarias das estações de metrô como uma cachoeira. O temporal foi acompanhado pela precipitação também de granizo. As estações meteorológicas registraram entre 26 mm³ e 44 mm³ de chuva em apenas uma hora. Algumas cidades chegaram a registrar um volume de 75 a 97 mm³ de chuva neste mesmo intervalo de tempo. Um turista alemão disse a um repórter que sua scooter virou um jet-ski.
O “retorno à normalidade” também é saudado pelo Le Figaro. Um dilúvio depois de semanas de ondas de calor, destaca o diário francês, sublinhando que Paris recebeu em menos de uma hora o equivalente a duas ou três semanas de precipitação.
Já o Le Monde alerta que oito áreas do país continuam sob alerta laranja, o segundo nível mais severo da escala de previsões meteorológicas. A publicação chama a atenção de seus leitores para algumas precauções. Autoridades do sudeste, em vigilância laranja, pedem à população que adiem qualquer viagem ou que, no mínimo, se informem sobre a previsão da meteorologia antes de pegar a estrada.
Alertas
“Trinta centímetros de água são suficientes para transportar um carro”, advertiram autoridades do Var (sudeste), em comunicado à imprensa. Também é fortemente aconselhado não ficar perto de fluxos de água ou se abrigar debaixo de árvores.
O texto recorda que toda a costa mediterrânea sofreu inundações no passado, com consequências por vezes dramáticas. Chuvas fortes seguidas de enchentes deixaram seis mortos na região, em 2019.
Mais a leste, em Vaison-la-Romaine, na região de Vaucluse, em 1992, chuvas repentinas e violentas devastaram parte da cidade e mataram 37 pessoas, nas inundações mais mortais que a França já conheceu.
Finalmente, no outono de 2020, uma tempestade na região dos Alpes Marítimos causou inundações gravíssimas. Deslizamentos de terra destruíram pontes, estradas e casas localizadas nos vales de Vésubie e Roya. Uma tragédia que causou a morte de dez pessoas, deixou oito desaparecidos e custou mais de € 1 bilhão em danos.
O jornal Le Monde atribui às mudanças climáticas o agravamento dos fenômenos chamados de “mediterrâneos”, frequentes durante o verão na França. Esses episódios são tempestades violentas causadas pelo encontro de uma massa de ar quente e úmida produzida pelo aquecimento das águas do Mediterrâneo durante o verão com uma frente fria que chega do noroeste. A falta de vento pode bloquear as nuvens sobre uma determinada localidade, impedindo a chuva de se espalhar.